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Autismo e tragédia: O caso do garotinho autista que se afogou na lagoa da Universidade Estadual do Ceará

No último dia, a comunidade autista foi abalada pela notícia da morte de um garotinho de 9 anos que se afogou na lagoa da Universidade Estadual do Ceará. De acordo com informações divulgadas pela imprensa, o menino fugiu pela janela de um carro fechado em questão de minutos, enquanto a mãe estacionava para ir ao banco. O garotinho, que era autista e não verbal, desapareceu vestindo o uniforme da escola onde era muito querido pelos colegas.

Esse trágico incidente despertou o medo mais profundo de muitas mães que vivem a maternidade atípica. O comportamento de fuga, conhecido como “elopement” ou “wandering” em inglês, é bastante comum entre pessoas autistas. Segundo dados divulgados pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano), cerca da metade das crianças ou jovens autistas têm o comportamento de fuga, que vai além das escapadas comuns entre crianças pequenas. Uma em cada quatro dessas crianças já se perdeu tempo suficiente para causar preocupação aos pais e cuidadores.

O desejo de correr e explorar, vontade de ir a lugares de que gostam, fugir de situações de estresse e querer ver algo interessante são algumas das causas listadas pelo CDC para esse comportamento. Associado às dificuldades de comunicação, esses comportamentos deixam as pessoas autistas mais vulneráveis a acidentes, como atropelamentos e afogamentos.

Um estudo realizado em 2017 sobre a mortalidade de pessoas autistas revelou que, entre 1999 e 2014, a idade média de morte de pessoas com diagnóstico de autismo nos Estados Unidos foi de 36,2 anos, enquanto que a idade média de morte na população geral foi de 72 anos. As mortes por ferimentos não intencionais foram quase três vezes mais comuns em pessoas autistas do que na população em geral. Afogamentos, sufocamentos e asfixia foram as principais causas de morte por lesões em crianças autistas.

Diante dessa tragédia, muitas mães se questionam sobre o que é possível fazer para evitar acidentes como esse. O CDC recomenda estratégias gerais, como ensinar comportamentos de segurança, como responder a comandos de “parar” e saber atravessar a rua e nadar. Além disso, algumas ideias levantadas pelas mães nos últimos dias incluem o uso de equipamentos de localização em tempo real nas crianças, como relógios com GPS, e conscientizar a população em geral sobre a importância de estar atenta a crianças que possam estar andando sozinhas na rua e em situações de risco.

É importante que a sociedade como um todo esteja ciente dos desafios enfrentados por pessoas autistas e que sejam tomadas medidas para garantir sua segurança. Tragédias como essa devem servir como alerta e estímulo para ações que visem prevenir acidentes e proteger a vida dessas pessoas.

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