O poder da música na educação: uma discussão sobre arte, inclusão e formação de talentos no Brasil

No século 18, as artes no Brasil eram desvalorizadas pelos portugueses, sendo relegadas aos negros. Inicialmente, alguns padres ensinaram música aos escravos, sem saber que estavam formando gênios. Esses primeiros artistas visualizaram nas artes a oportunidade de conquistar sua liberdade e empreender uma profissão.

A riqueza gerada pelo ouro e diamantes encontrados em Minas Gerais resultaram em músicos e artistas talentosos, que buscavam a beleza além da riqueza material. Foi assim que as artes se encontraram com a educação, mesmo antes das escolas.

Quando o ouro se tornou escasso, Salvador José, conhecido como “Pardo”, um compositor, instrumentista e professor, desceu de Minas para o Rio de Janeiro. Ainda não se sabe quem foi seu mestre, mas ele ensinou música a José Maurício Nunes Garcia, um garoto prodígio, músico profissional desde os nove anos e considerado o maior compositor brasileiro fora da Europa em sua época, mesmo sendo neto de escravos.

Quando a família real portuguesa chegou ao Brasil, Dom João VI recorreu a José Maurício Nunes Garcia para satisfazer sua paixão pela música. Assim, José Maurício fundou a primeira escola de música gratuita no Brasil em sua própria casa, onde acolheu muitos meninos pobres. Entre esses alunos estava Francisco Manuel da Silva, compositor do hino nacional brasileiro, que fundou o Conservatório do Rio de Janeiro e orientou Carlos Gomes, um renomado compositor que se destacou internacionalmente e morreu em Belém.

O Conservatório do Rio se tornou a Escola de Música da UFRJ, onde várias gerações de compositores e músicos exerceram o compromisso de educar novos talentos musicais.

Heitor Villa-Lobos é conhecido por sua magnífica obra musical e sua ambição de ensinar música, principalmente nas escolas públicas. Ele utilizava o coral como estratégia para ensinar música a milhares de professores e crianças, apesar de ter se apresentado em manifestações apoiando Getúlio Vargas durante a ditadura.

A música pode contribuir para a educação, especialmente na democracia. A música é uma vivência que engloba a razão, emoção e físico, algo poderoso em uma educação que muitas vezes segmenta o indivíduo. Fazer música é uma atividade agregadora e colaborativa em um mundo competitivo.

Além disso, a música envolve o risco de errar, estimulando diferentes formas de compreensão. Ela oferece múltiplas respostas, além do certo e errado, incentivando a busca por soluções.

A música é uma arte concreta, que não é abstrata como a palavra. Ela desperta emoções e gera uma percepção direta em cada indivíduo. Nas escolas, muitas disciplinas são ensinadas de forma representativa e abstrata, enquanto a música oferece uma experiência concreta.

Estudantes sobrecarregados por mensagens de consumo precisam de oportunidades para ampliar seu repertório e desenvolver habilidades de questionamento. A cultura erudita ou popular não é o que importa, mas sim a cultura da escolha.

Os educadores devem contar com músicos e artistas como aliados, ao invés de apenas economistas e sociólogos. O espaço escolar é o maior palco que a humanidade já criou, e é onde se encontra a maior plateia. No Brasil, sempre soubemos do poder da música e das artes.

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