Cão vira-lata se torna perito forense e auxilia na identificação de sangue humano em crimes contra a vida

Mani é um cachorro comum, mas sua rotina vai além dos passeios no parque e do tempo de descanso. Desde 2020, ele faz parte da equipe de peritos da Polícia Científica de São Paulo, sendo o primeiro cachorro de biodetecção oficial do Brasil. Com apenas 40 dias de vida, Mani começou a ser treinado para detectar sangue humano e sua destreza o tornou um membro valioso da equipe de exames periciais de crimes contra a vida.

O projeto pioneiro de treinamento de Mani foi desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de São Paulo. Segundo João Henrique de Oliveira Machado, perito criminal de São José dos Campos, a ideia surgiu da necessidade de aprimorar o trabalho de campo das perícias criminais. O cão foi submetido a intensos treinamentos para que pudesse encontrar amostras de sangue humano em locais amplos e de difícil acesso aos peritos. Com resultados positivos e confirmados por exames laboratoriais, Mani foi autorizado a integrar a equipe de peritos.

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O trabalho de Mani é acionado em ocorrências de grande repercussão ou de dificuldade para a atuação dos peritos. Ele auxilia na detecção de manchas de sangue em locais amplos e até mesmo em roupas lavadas, utilizando seu olfato aguçado para identificar sangue humano. Com isso, a equipe de peritos consegue reduzir a área de busca e aplicar técnicas específicas para confirmar os indícios encontrados pelo cachorro. Vale ressaltar que Mani não é responsável pela análise final, mas sim por identificar e colaborar na coleta de provas.

Desde que entrou para a equipe de peritos, Mani já atuou em mais de 30 ocorrências que geraram laudos. Sua participação tem sido fundamental para o levantamento de vestígios e até o momento não houve nenhum erro nos locais vasculhados pelo animal. Um dos casos mais marcantes foi em Caraguatatuba, onde Mani conseguiu identificar resíduos de sangue humano em uma cena de crime aparentemente limpa. Isso ajudou a polícia a desvendar o homicídio e pedir a prisão do autor.

O uso de um cachorro treinado para detectar sangue humano traz vantagens tanto para a agilidade do trabalho quanto para a economia de recursos da Polícia Científica. Mani consegue direcionar a aplicação de reagentes químicos apenas nas áreas indicadas, evitando o uso excessivo dessas substâncias, que podem ser caras. Além disso, em locais amplos ou áreas externas, onde a aplicação de reagentes químicos tradicionais é mais difícil, Mani se mostra extremamente eficiente.

O projeto pioneiro de São Paulo está sendo aperfeiçoado para possibilitar o uso de outros cães farejadores de sangue em todo o país. A biodetecção canina tem se mostrado uma ferramenta valiosa no trabalho pericial, trazendo agilidade e precisão para a investigação de crimes contra a vida. O trabalho de Mani é um exemplo de como os animais podem desempenhar um papel importante na área da segurança pública.

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