Repórter São Paulo – SP – Brasil

Amazonas registra aumento alarmante de focos de calor em setembro, com quase metade do total de agosto. Autoridades pedem apoio para evitar agravamento dos incêndios na região.

O Amazonas está enfrentando um grave aumento no número de focos de incêndio neste mês de setembro. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o estado registrou quase metade de todos os focos de calor ocorridos em agosto. Isso representa 47,7% do total do mês anterior. Além disso, o Amazonas é responsável por 32,3% de todos os registros de incêndio no país nesta primeira semana de setembro.

Essa aceleração nos focos de calor está ocorrendo em um período de seca dos rios e temperaturas altas. Secretários municipais de Meio Ambiente estão preocupados com a falta de estrutura e apoio dos governos estadual e federal para combater e lidar com essa situação. Segundo eles, há um risco de que o problema se agrave cada vez mais.

No ano passado, o Amazonas já havia enfrentado um setembro turbulento, com o maior número de focos de incêndio da série histórica registrada pelo Inpe. No entanto, desde o governo Bolsonaro e o primeiro mandato do governador Wilson Lima, o estado tem subido no ranking dos focos de calor.

A fumaça gerada pelos incêndios já atingiu tanto áreas urbanas quanto rurais de cidades da região metropolitana de Manaus e do arco do desmatamento no sul do estado, além do entorno da BR-319 e do alto e médio Solimões. O combate ao fogo está sendo feito com água dos próprios rios e lagos, carregada em carros-pipas e caminhões improvisados. No entanto, a preocupação é que a vazante das águas prejudique o combate aos incêndios.

A falta de recursos e apoio dos governos também tem prejudicado as ações de combate aos incêndios. A secretária de Meio Ambiente de Maués, Jane Crespo, relata que os acordos firmados anualmente com o governo do estado para atuação dos brigadistas não foram cumpridos este ano, deixando as cidades sem apoio adequado.

A situação se agrava ainda mais pelo corte de 25% nos gastos do estado anunciado há cerca de 20 dias devido à previsão de baixa arrecadação nos próximos meses. A população de Manaus, que concentra mais da metade dos habitantes do estado, tem sofrido com a fumaça e o calor. Focos de incêndio podem ser vistos nos municípios ao redor da cidade, causando desconforto e preocupação.

A situação também é complicada em outras regiões do Amazonas. O secretário municipal de Meio Ambiente de São Paulo de Olivença, Apolônio Müller, destaca que a seca do rio Solimões tem prejudicado o combate aos incêndios na região. Codajás, no Médio Solimões, teve um acidente com uma lancha de transporte de passageiros devido à baixa visibilidade provocada pela fumaça.

O município de Careiro Castanho, próximo à BR-319, teve que suspender as aulas devido à falta de visibilidade causada pela fumaça e pelos riscos ao transporte escolar. Vários municípios estão sofrendo com os incêndios, incluindo Novo Aripuanã, onde a fumaça chegou à área urbana pela primeira vez.

O secretário de Meio Ambiente de Manacapuru relata que muitas pessoas da cidade tiveram problemas respiratórios e precisaram ser levadas ao hospital devido à fumaça. Ele defende uma abordagem mais rigorosa, com autuações e até prisões, para combater o crime ambiental. No entanto, ressalta que o combate aos focos de incêndio é difícil e demorado em algumas áreas.

Até o momento, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amazonas e o Ibama não responderam aos pedidos para comentar as ações contra incêndios no estado. A falta de estrutura e apoio adequados coloca em risco não apenas a preservação do Amazonas, considerado o estado mais preservado da Amazônia, mas também a saúde e o bem-estar da população.

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