Ex-secretário do GSI nega facilitação à invasão do Palácio do Planalto por vândalos e golpistas, afirma general em depoimento à CPI

No depoimento prestado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o ex-secretário executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, general Carlos José Russo Assumpção Penteado, defendeu que não houve facilitação à invasão do Palácio do Planalto ocorrida em 8 de janeiro. Ele afirmou que as imagens disponibilizadas mostram claramente que não houve nenhuma facilitação por parte das autoridades presentes no local.

Nomeado pelo Comando do Exército, o general Penteado assumiu o cargo de segundo mais importante no GSI no final de julho de 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro. Com a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele permaneceu no cargo a convite do novo ministro Gonçalves Dias. Segundo o general, no dia da invasão, “praticamente todos” os cargos de decisão do órgão eram ocupados por remanescentes do governo anterior.

O general Penteado era responsável por supervisionar e coordenar as atividades dos órgãos subordinados ao GSI, além de assessorar o ministro nas questões relacionadas ao emprego das Forças Armadas para garantia da lei e da ordem. No entanto, ele assegurou que não foi informado dos alertas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre o risco de invasão dos prédios públicos durante os atos do dia 8 de janeiro.

O general relatou que só foi comunicado por volta das 14h50 do dia 8 que as barreiras de proteção haviam sido rompidas. Ele recebeu a ligação do então comandante militar do Planalto, general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, informando sobre agravamento da situação e a necessidade de mais tropas. Penteado chegou ao Palácio do Planalto por volta das 15h20 e teve dificuldades para ingressar no local, que já estava tomado por manifestantes.

Ele destacou que o Palácio do Planalto não possui barreiras naturais ou construídas que impeçam os manifestantes de adentrarem o estacionamento ou chegarem rapidamente às vidraças no primeiro piso. Segundo o general, a ação dos invasores não foi facilitada, mas sim resultado de uma manifestação violenta. Ele afirmou que os militares que estavam no local recuaram para fazer um retardamento, pois estavam sendo atacados e o número de manifestantes era grande.

O general garantiu que o Plano Escudo estava ativado e que havia tropas no Palácio do Planalto, sendo insuficientes para conter os manifestantes. Ele ressaltou que, se os alertas da Abin e de outros órgãos tivessem sido repassados aos responsáveis pela execução do Plano Escudo, o esquema teria sido efetivo.

Penteado afirmou que os ataques aos Três Poderes poderiam não ter acontecido se os alertas tivessem chegado às pessoas responsáveis pela execução do plano. Ele considerou que a falta de efetividade do esquema de segurança foi resultado de sabotagem, desídia ou desleixo por parte dos servidores do GSI.

O depoimento do general Carlos José Russo Assumpção Penteado trouxe esclarecimentos importantes para a CPI e permite uma análise mais detalhada da invasão do Palácio do Planalto em janeiro deste ano. A partir das informações apresentadas, os membros da comissão podem aprofundar as investigações e buscar identificar eventuais responsabilidades pelos acontecimentos.

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