Ausência de negócios em Wall Street gera viés de alta nos juros futuros e aumenta desconfiança fiscal

Os juros futuros encerraram a sessão desta segunda-feira com viés de alta, em um mercado com baixa liquidez devido ao feriado nos Estados Unidos. Sem uma referência firme, os investidores realizaram ajustes técnicos de posições, diante da desconfiança em relação à capacidade do governo de zerar o déficit fiscal até 2024.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) janeiro de 2025 fechou em 10,60%, retomando um viés de alta em relação ao ajuste de sexta-feira, quando estava em 10,57%. Os contratos de DI para janeiro de 2026 e janeiro de 2027 também registraram aumento nas taxas, fechando em 10,22% e 10,39%, respectivamente. Já o DI para janeiro de 2029 encerrou a 10,83%.

O mercado operou de forma instável e sem direção clara, influenciado pelo feriado nos Estados Unidos, que reduziu a liquidez. Especialistas afirmam que o baixo volume de contratos compromete qualquer avaliação mais profunda sobre o desempenho das taxas. Durante a tarde, houve uma tentativa de movimento mais firme de alta.

O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, destacou que os feriados nos EUA e no Brasil estimularam uma correção das taxas, após a alta dos rendimentos dos Treasuries na sexta-feira passada. Borsoi ressaltou que a postura mais defensiva do mercado e a redução de posições aplicadas são tendências esperadas nesse contexto.

Além disso, as preocupações com as contas públicas continuam no radar dos investidores, especialmente diante do ceticismo em relação à geração de receitas para equilibrar as despesas até 2024. O governo afirma ter medidas de contingência e margens de manobra para lidar com possíveis revéses nas propostas de aumento da arrecadação. No entanto, os agentes de mercado não acreditam que essas margens se darão por meio de cortes de gastos.

Uma medida que tem gerado preocupação é a possibilidade de antecipar receitas de longo prazo do pré-sal para o curto prazo, como forma de garantir o cumprimento da meta fiscal em 2024. Especialistas classificam essa medida como descabida. Além disso, há a possibilidade de o governo rever a meta de déficit zero, com algumas instituições já projetando um déficit primário de 0,6% do PIB para 2024.

Em resumo, o mercado de juros futuros apresentou volatilidade nesta segunda-feira, influenciado pelo baixo volume de contratos e pela desconfiança em relação à capacidade do governo de zerar o déficit fiscal. As preocupações com as contas públicas e a possibilidade de medidas controversas para garantir o cumprimento das metas fiscais também contribuíram para a instabilidade do mercado.

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