Bethânia garante que Waly Salomão possui uma inteligência extraordinária em entrevista exclusiva.

No dia 3 de maio, o Brasil celebraria o aniversário de 80 anos de Waly Salomão, renomado poeta, escritor e letrista da música popular brasileira (MPB). Nascido em Jequié, na Bahia, o artista deixou um valioso legado antes de sua morte, em 2003, em decorrência de um câncer. Sua ausência ainda é profundamente sentida por amigos, admiradores e por todos aqueles que foram tocados pela sua participação nas diversas manifestações artísticas e em movimentos em defesa da cultura brasileira.

Personalidades como Maria Bethânia, cantora consagrada, se manifestaram sobre a importância de Waly Salomão. Bethânia afirma que o Brasil, o mundo e ela própria perderam uma inteligência, uma sensibilidade e uma novidade raras. O historiador e jornalista Ricardo Cravo Albin, renomado pesquisador de MPB, também ressaltou a sensibilidade e inteligência de Salomão, além de evidenciar sua ampla cultura.

Apesar de ter se formado em direito na Universidade Federal da Bahia em 1967, Waly Salomão optou por não exercer a profissão, seguindo sua verdadeira vocação pelas artes. Ele estudou na Escola de Teatro durante sua graduação e posteriormente se destacou na literatura, com seu livro “Me Segura Qu’eu Vou Dar um Troço”, escrito enquanto esteve preso no Carandiru, em 1971. O livro foi lançado posteriormente, em 1972. Em 1997, Salomão foi vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura com o livro de poesia “Algaravias”. Seu último livro, “Pescados Vivos”, foi publicado em 2004, após sua morte.

Na música, Waly Salomão colaborou com diversos artistas, como Jards Macalé, com quem compôs sucessos como “Vapor Barato”, interpretado por Gal Costa e pelo grupo O Rappa, e “Mal Secreto”, que fez parte do icônico show “Fa-Tal” de Gal Costa. Além disso, Salomão trabalhou como produtor artístico, tendo realizado dois trabalhos com a cantora Cássia Eller.

No cinema, o poeta também marcou presença como ator, interpretando o personagem principal no filme “Gregório de Matos”, dirigido por Ana Carolina e lançado em 2003. O filme retrata a vida do poeta baiano que viveu no século 17.

Waly Salomão também teve uma importante participação no movimento tropicalista da década de 1970, juntando-se a nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Torquato Neto, Capinam, Tom Zé, Nara Leão, Gal Costa, Os Mutantes e Rogério Duprat. Sua contribuição teórica nesse movimento cultural foi fundamental.

Além de suas contribuições artísticas, Waly Salomão ocupou cargos na administração pública, como a presidência da Fundação Gregório de Matos e a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Durante a gestão de Gilberto Gil no Ministério da Cultura, foi secretário nacional do Livro e Leitura, tendo como objetivo incluir o livro na cesta básica brasileira.

A relevância de Waly Salomão para a cultura brasileira é inegável, e sua morte prematura deixou um vazio. A cantora Maria Bethânia expressou sua saudade e reverência pelo poeta, destacando a importância de sua amizade e colaboração artística. Bethânia mencionou a obra-prima da música e do teatro brasileiro, o espetáculo “Fa-Tal”, dirigido por Salomão.

No dia 19 de maio de 2003, a Bienal do Livro, no Riocentro, se tornou palco de uma homenagem a Waly Salomão, que inicialmente seria apenas uma conversa entre poetas. Participantes como Caetano Veloso, Antônio Cícero e Claudia Roquette-Pinto relembraram o espírito de liberdade e o humor afiado do artista.

A contribuição de Waly Salomão para a cultura brasileira é imensurável, e sua ausência é sentida até os dias de hoje. Sua sensibilidade, inteligência e originalidade deixaram uma marca indelével na literatura, na música, no cinema e nas diversas manifestações da arte brasileira. Seu legado será sempre reverenciado e lembrado como uma preciosidade da cultura nacional.

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