Embora o ritmo de crescimento tenha sido menor do que o registrado no primeiro trimestre, quando houve uma expansão de 1,8%, os economistas enxergaram resiliência na atividade econômica. Alessandra Ribeiro, sócia e economista da consultoria Tendências, afirmou que o resultado foi melhor do que o esperado, o que indica uma resiliência da economia.
No entanto, o cenário para a segunda metade do ano é de desaceleração. Os economistas prevêem que o segundo semestre será marcado por uma desaceleração, podendo até mesmo haver um leve recuo. A economia global está perdendo força e o Brasil também deve sentir esse impacto.
Outro fator que contribui para a desaceleração é o aperto monetário. A queda da taxa básica de juros (Selic) leva um certo tempo para beneficiar a economia e esse alívio só deve ser sentido no próximo ano. Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, afirmou que a economia deve desacelerar no segundo semestre e começar a retomar ao longo de 2024.
Apesar disso, o mercado está revisando para cima as projeções para o PIB de 2023. O carregamento estatístico, que é quando o resultado de um trimestre impacta positivamente nos trimestres seguintes, está levando os economistas a elevarem suas projeções. A mediana para o PIB de 2023 subiu de 2,4% para 3%, com estimativas variando de 1,5% a 3,3%.
Em relação ao desempenho por setores, a indústria e os serviços foram os responsáveis pelo crescimento do PIB no segundo trimestre. A indústria teve uma alta de 0,9% em relação ao primeiro trimestre, sendo a maior variação desde o segundo trimestre de 2022. Já o setor de serviços registrou um aumento de 0,6%, sendo o 12º trimestre consecutivo sem variação negativa.
A agropecuária, por sua vez, teve uma queda de 0,9% no segundo trimestre, mas essa queda foi menos intensa do que as projeções indicavam. Em comparação com o mesmo período do ano passado, houve um crescimento de 17%.
Pela ótica da demanda, o consumo das famílias teve um avanço de 0,9% no segundo trimestre, representando a maior alta desde o segundo trimestre de 2022. Já o consumo do governo teve uma alta de 0,7% no mesmo período.
A resiliência da economia brasileira pode ser explicada tanto por fatores internos quanto externos. Internamente, o aumento da transferência de renda pelo governo, o reajuste acima da inflação do salário mínimo e a antecipação do 13º salário para os aposentados ajudaram a compensar o aperto monetário. Já externamente, a atividade global mostrou sinais de força, principalmente nos Estados Unidos, o que contribuiu para as exportações do Brasil.
Apesar das perspectivas de desaceleração no segundo semestre, as projeções indicam um cenário positivo para a economia brasileira em 2023. Com a revisão para cima das projeções para o PIB, há a expectativa de um crescimento ainda maior do que o registrado em 2022. A resiliência da economia e os fatores internos e externos favoráveis podem contribuir para esse resultado.