Um relatório do TCM revela falhas no recapeamento das vias em São Paulo, evidenciando a má qualidade das obras.

O Tribunal de Contas do Município (TCM) de São Paulo divulgou nesta sexta-feira (1º) um relatório que aponta falhas no programa de recapeamento realizado pela prefeitura em diversos pontos da cidade. Essa iniciativa é uma aposta do prefeito Ricardo Nunes, do MDB, para sua reeleição em 2024.

Durante dois dias, 12 auditores do TCM visitaram mais de 40 buracos e constataram problemas na execução dos serviços. Entre as principais falhas apontadas estão o “alto grau de degradação” das vias e a falta de preparo adequado antes da aplicação do novo asfalto.

Outra questão observada pelos auditores é que, em muitos casos, as áreas recortadas são maiores do que o buraco propriamente dito, o que acaba aumentando os gastos com os serviços realizados pelas empresas contratadas. Segundo o TCM, essas empresas são pagas de acordo com a quantidade de massa asfáltica aplicada.

Após a vistoria, os auditores elaborarão um relatório com o balanço da fiscalização. A gestão Nunes declarou, em nota, que a operação Tapa Buraco já é fiscalizada por agentes da prefeitura e que os serviços irregulares são refeitos sem pagamento, além de serem aplicadas penalidades às empresas. A prefeitura afirmou também que responderá aos questionamentos feitos pelo TCM.

A administração municipal conta com o Sistema de Gerenciamento de Zeladoria (SGZ), da Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB), para monitorar em tempo real o recapeamento. Segundo a prefeitura, por meio do SGZ, foram atendidas 1,8 milhão de solicitações de serviços de zeladoria nos últimos quatro anos.

A meta de Nunes é entregar 20 milhões de metros quadrados de recapeamento até o final de 2024. Vale ressaltar que a malha viária da capital paulista tem 187 milhões de metros quadrados. O ex-prefeito Fernando Haddad, do PT, recapeou 3,9 milhões de metros quadrados, enquanto João Doria, do PSDB, realizou o recapeamento de 9,9 milhões de metros quadrados.

É importante destacar que o prefeito Nunes já havia retirado R$ 329,9 milhões do orçamento para a construção de terminais de ônibus e realocado esse valor para a operação Tapa Buraco. Além disso, foram retirados R$ 98 milhões do orçamento de reformas na infraestrutura urbana do centro. Essas medidas foram publicadas no Diário Oficial.

No entanto, Nunes tem enfrentado dificuldades para implementar seu programa de recapeamento. No final de 2021, o TCM suspendeu um edital de quase R$ 1 bilhão para asfaltar 5,9 milhões de metros quadrados, o qual somente foi liberado em junho do ano passado. As obras têm sido alvo de críticas devido ao grande número de vias interditadas, causando transtornos no trânsito, além da falta de sincronia entre o recapeamento e a implantação de faixas sobre o novo asfalto.

Diante dos impasses com o TCM no passado, a preocupação do prefeito é conseguir concluir o programa de recapeamento antes do próximo ano eleitoral, a fim de evitar transtornos como interdições de vias, que poderiam afetar negativamente o humor do eleitorado.

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