Estudo revela que as mudanças climáticas estão aumentando o tamanho das ondas da Califórnia. Impactos no surf e na segurança costeira são esperados.

No início deste ano, a Califórnia foi assolada por tempestades fortes que causaram grandes danos à infraestrutura e obrigaram as pessoas a se afastarem das áreas costeiras. Um estudo recente publicado no Journal of Geophysical Research: Oceans revelou que essa situação pode se tornar a nova normalidade devido à mudança climática, que está alimentando o mau tempo e resultando em ondas cada vez maiores.

De acordo com o estudo, a altura média das ondas no inverno e a frequência de ondas grandes têm aumentado significativamente na costa californiana desde os anos 1970. Nas últimas décadas, o número de ondas com mais de cinco metros de altura mais que dobrou. Além disso, a intensificação da área de baixa pressão conhecida como Aleutian Low, localizada no sudoeste do Alasca, também está contribuindo para o aumento das tempestades.

Essas descobertas se somam a uma série de estudos que têm vinculado a mudança climática a fenômenos meteorológicos extremos, como tempestades que geram ondas colossais. Segundo Peter D. Bromirski, autor do estudo e oceanógrafo da Universidade da Califórnia em San Diego, “se as tempestades se intensificam, temos ventos mais fortes, e os ventos mais fortes geram ondas maiores”.

Para determinar a altura das ondas, Bromirski analisou 90 anos de registros sísmicos armazenados em um laboratório em Berkeley, que monitora a atividade de terremotos. Ao estudar os sinais gerados pela colisão de ondas oceânicas, Bromirski pôde identificar um aumento significativo tanto na altura média das ondas no inverno quanto no número de eventos com ondas grandes e fortes.

Embora esse seja o primeiro estudo a utilizar essa metodologia, outras pesquisas já haviam mostrado que a mudança climática afeta as ondas oceânicas. Estudos anteriores revelaram que o aumento da temperatura da superfície do mar está alterando os padrões globais de vento e fortalecendo as ondas. Além disso, emissões altas de gases podem criar as condições para ondas ainda maiores.

Cientistas não envolvidos no estudo ressaltam que as ligações entre mudança climática, elevação do nível do mar e ondas têm sido bem estabelecidas. As ondas maiores estão contribuindo para o agravamento das inundações, erosão e danos nas áreas costeiras. Por isso, é necessário levar em consideração esses fatores ao planejar a criação de comunidades resilientes diante do aumento do nível do mar e das ondas durante as tempestades.

As mudanças já começaram a ser evidenciadas neste ano, quando a costa oeste dos EUA foi atingida por uma série de tempestades. Casas foram inundadas e destruídas, e a erosão das áreas costeiras se intensificou. As ondas maiores representam um risco até mesmo para os surfistas profissionais, pois elas podem ser acompanhadas por tempestades e ventos fortes que dificultam a prática do esporte.

No geral, o estudo de Bromirski reflete uma tendência de longo prazo de aumento das ondas oceânicas, causadas pela mudança climática. Essas mudanças têm impactos significativos nas comunidades costeiras da Califórnia e reforçam a necessidade de medidas para enfrentar os desafios decorrentes disso.

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