Aposta para reduzir violência em SP: bico oficial da PM tem apenas 20% das vagas preenchidas.

O programa de atividade delegada desenvolvido pela prefeitura de São Paulo como uma estratégia para combater a violência no centro da cidade está enfrentando dificuldades em preencher suas vagas. De acordo com a própria prefeitura, atualmente existem cerca de 21% das vagas ociosas, o que totaliza 509 oportunidades não preenchidas.

O programa conta com a participação de 1.891 policiais militares, porém, possui um total de 2.400 vagas disponíveis. A gestão do prefeito Ricardo Nunes, do MDB, dobrou o número de postos em março deste ano, na esperança de atrair mais policiais, mas as adesões até o momento têm sido voluntárias.

Como forma de estimular o ingresso ao programa, tanto a prefeitura quanto o governo estadual estão estudando a possibilidade de aumentar o pagamento aos policiais militares. Atualmente, os praças recebem uma diária de R$ 274 e os oficiais de R$ 328,90. A proposta de reajuste salarial ainda não foi divulgada, mas espera-se que os projetos sejam encaminhados à Câmara Municipal e à Assembleia Legislativa nesta semana.

A operação da atividade delegada custa mensalmente R$ 19,7 milhões aos cofres públicos municipais. No entanto, especialistas em segurança pública apontam alguns limites para a adesão ao programa. O gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, Bruno Langeani, destaca que a falta de descanso, a competição com empregos informais e a degradação do centro da cidade são fatores que contribuem para a baixa adesão policial.

Segundo Langeani, a deterioração do cenário do centro da cidade também afeta as condições de trabalho dos policiais. Além disso, a possibilidade de atuar em mais ocorrências e o fato de ser uma atividade realizada prioritariamente a pé também são considerados obstáculos para a adesão.

O aumento no número de casos de roubo na região da Sé e Campos Elíseos é outro fator que aponta para a necessidade de reforçar a operação da atividade delegada. No entanto, trabalhar nessas regiões é considerado arriscado pelos policiais, devido aos desafios enfrentados, como ocorrências complicadas e o uso da força.

O professor Alan Fernandes, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destaca que os policiais que atuam na região relatam condições precárias de trabalho, devido ao fechamento de comércios e restaurantes, o que dificulta o acesso a banheiros e alimentação durante o turno de trabalho. Além disso, a falta de apoio da prefeitura também é mencionada, principalmente no combate ao comércio ambulante.

Diante desse cenário, o governo estadual está considerando a possibilidade de pagar policiais militares da reserva para realizarem atividades administrativas nos batalhões, liberando assim agentes da ativa para reforçarem a operação da atividade delegada nas ruas. No entanto, a Polícia Militar não se pronunciou sobre o motivo da falta de interesse em preencher as vagas disponíveis no programa.

A prefeitura também destacou que, além da falta de interesse por parte dos policiais, o cumprimento de outras escalas e a falta de estrutura adequada nas áreas de interesse acabam desestimulando a adesão. A administração municipal afirma que está trabalhando em projetos experimentais para promover melhorias nos territórios atendidos pela atividade delegada.

Em resumo, o programa de atividade delegada da prefeitura de São Paulo enfrenta dificuldades em preencher todas as vagas disponíveis. A falta de interesse por parte dos policiais, as condições precárias de trabalho e a falta de estrutura adequada são alguns dos principais obstáculos apontados por especialistas em segurança pública. Diante dessa situação, tanto a prefeitura quanto o governo estadual estão estudando maneiras de estimular a adesão ao programa, incluindo o aumento do pagamento aos policiais.

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