Segundo a investigação, diversos e-mails revelados pela organização mostram um pedido urgente para a transferência do iate de 82 metros chamado Graceful, que estava em Hamburgo, na Alemanha, para a Rússia. Essa embarcação estava em território alemão para uma reforma. Embora o iate não esteja no nome de Putin, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do governo dos EUA o lista como propriedade bloqueada na qual o presidente russo tem interesse.
Conhecido como Baleia Assassina, o Graceful possui uma piscina coberta de 15 metros que pode ser convertida em pista de dança, sendo apenas um dos vários super iates ligados a Putin. Fotos mostram o navio deixando Hamburgo em 7 de fevereiro, com destino a Kaliningrado, enclave russo localizado entre a Polônia e a Lituânia. Coincidentemente, quinze dias depois, Putin iniciou a guerra na Ucrânia.
Os e-mails revelados mostram que um pedido de transporte para a Rússia foi enviado ao estaleiro alemão Blohm+Voss em 19 de janeiro de 2022, com a solicitação de que a reforma do iate fosse acelerada para que a embarcação pudesse retornar à Rússia no dia 1º de fevereiro. O Grupo SCF, uma empresa de transporte marítimo russa, enviou o e-mail afirmando que o proprietário não estava satisfeito com a reforma.
Essas revelações acontecem em meio à condenação de Alexei Navalni, que foi sentenciado a passar mais 19 anos em prisão de segurança máxima por supostamente organizar atividades extremistas. O advogado, que já está detido há mais de dois anos, alegou motivação política por trás dessa condenação. Aos 47 anos, Navalni já cumpre penas que somam mais de 11 anos por violações de liberdade condicional, fraude e desobediência civil.
É importante ressaltar que a reportagem sobre a transferência do iate não cita a fonte das informações, mas reforça que as mesmas foram divulgadas pela Fundação Anticorrupção, liderada por Navalni. O opositor, que ganhou notoriedade ao denunciar supostos esquemas de corrupção em estatais russas, já foi considerado o único político capaz de derrotar Putin nas eleições, mas foi impedido de disputar. Sobrevivente de um envenenamento, Navalni retornou à Rússia em 2021 e foi detido no aeroporto de Moscou ao desembarcar.
