Repórter São Paulo – SP – Brasil

Em São Paulo, famílias optam por microcasas como alternativa ao viver nas ruas, buscando melhores condições de vida.

O Minhocão, também conhecido como Elevado Presidente João Goulart, é um dos pontos mais icônicos da cidade de São Paulo. Essa via elevada corta o centro da metrópole, conectando o leste ao oeste, e é cercada por prédios e uma paisagem urbana movimentada.

Apesar de sua imponência, o Minhocão também abriga um número crescente de pessoas. Famílias sem-teto estão cada vez mais se instalando debaixo da via, expulsas de suas casas devido aos altos aluguéis. Muitos desses indivíduos têm que se contentar com cobertores fornecidos pela prefeitura para enfrentar as noites frias de inverno.

De acordo com dados da prefeitura e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), estima-se que cerca de 34 mil pessoas estejam dormindo nas ruas de São Paulo em 2023, sendo que o número de famílias nessa situação aumentou em 111% desde o início da pandemia. As estratégias tradicionais de cozinhas comunitárias e abrigos estão se mostrando insuficientes para lidar com o crescente número de pessoas necessitando de ajuda.

Diante dessa realidade, a cidade de São Paulo apresentou uma nova solução temporária: as microcasas. A primeira vila de microcasas foi construída próximo às margens do Rio Tietê, no bairro do Canindé, zona norte da capital. Essas microcasas têm 18 m² e abrigam cerca de 20 famílias. Com uma praça com parquinho para crianças, o local proporciona um ambiente mais comunitário.

A prefeitura pretende construir mil casas desse tipo em toda a cidade até o final do ano, abrigando assim 4 mil pessoas. O conceito por trás dessa iniciativa é oferecer moradia como o primeiro passo para ajudar as pessoas a se reerguerem. Muitas famílias que viviam em abrigos estão conseguindo recomeçar suas vidas nessas microcasas.

No entanto, especialistas apontam que as microcasas não são a solução perfeita. Há críticas em relação ao formato, que concentra várias casas no mesmo local, podendo formar guetos. Além disso, falta um planejamento urbano mais efetivo e um melhor aproveitamento de habitações já existentes.

É importante ressaltar que o Brasil é um país marcado pela desigualdade e grandes favelas. Até mesmo nessas comunidades, a moradia tornou-se inacessível para muitos. Além disso, a estigmatização que acompanha a perda de uma casa dificulta ainda mais a recuperação das famílias.

Apesar dos desafios, a iniciativa das microcasas mostra que a administração municipal está se mobilizando para abordar esse tema crucial para a cidade de São Paulo. É um primeiro passo para oferecer dignidade e uma vida mais estável para aqueles que mais precisam.

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