Comissão de Relações Internacionais discute cláusulas de sustentabilidade para exportações.

Segundo o professor da Escola de Relações Internacionais da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e consultor do Banco Mundial, Eduardo Mello, as exigências de cláusulas de sustentabilidade nos acordos internacionais de livre comércio têm impactado diretamente o mercado de commodities agrícolas operado por traders na capital. Em uma reunião realizada pela Comissão Extraordinária de Relações Internacionais, Eduardo Mello explicou que cada vez mais os tratados internacionais estão relacionados com o desenvolvimento sustentável e a rastreabilidade dos produtos agrícolas em toda a cadeia produtiva.

Um exemplo dessa tendência é o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que atualmente está em negociação, especialmente no que diz respeito a exigências ambientais, como combate ao desmatamento e rastreabilidade. O professor relatou que os capítulos do acordo já foram fechados, mas a comissão europeia adicionou uma carta adicional ao governo brasileiro, solicitando compromissos de sustentabilidade que desejam incluir no texto do tratado.

Um estudo feito pela Escola de Relações Internacionais da FGV revelou que a maioria dos produtores que conseguiram se adaptar às exigências ambientais no comércio de açúcar do Brasil para a União Europeia são do Estado de São Paulo e de grandes produtores. No entanto, a pesquisa também mostrou que a transição para uma produção sustentável demanda investimentos em tecnologia e tempo de adaptação, o que representa um desafio para os pequenos produtores.

Diante desse cenário, a Escola de Relações Internacionais da FGV está desenvolvendo uma inteligência artificial para mapear os riscos envolvidos nas cadeias produtivas agrícolas em relação às exigências de certificação sustentável e legislação internacional. Segundo Eduardo Mello, é importante identificar onde estão os riscos para que as cadeias produtivas possam se adaptar.

Essas mudanças no mercado agrícola, apesar de parecerem distantes da realidade urbana da capital, têm impacto direto em São Paulo, pois é lá que ocorre a negociação final dos produtos agrícolas. O professor destacou que os produtores de açúcar, por exemplo, vendem seus produtos por meio de traders de commodities na Avenida Faria Lima. Portanto, se a cadeia agrícola enfrenta desafios, isso se refletirá nas traders de commodities sediadas em São Paulo.

Diante desse contexto, a vereadora Cris Monteiro, presidente da Comissão Extraordinária de Relações Internacionais, pretende encaminhar a pauta da sustentabilidade para a Secretaria Municipal de Relações Internacionais, a fim de discutir como a Prefeitura pode se engajar nessa questão dos tratados internacionais. Já o vereador André Santos expressou preocupação com a adaptação dos pequenos produtores, que têm menos recursos para investir em tecnologias sustentáveis.

Durante a reunião, também foram aprovados convites para representantes diplomáticos participarem dos próximos encontros da Comissão de Relações Internacionais. Entre eles estão a embaixadora Irene Vida Gala, chefe substituta do ERESP (Escritório de Representação em São Paulo do Itamaraty), a cônsul-geral da Alemanha em São Paulo, Martina Hackelberg, o embaixador Mauro Vieira, ministro de Estado das Relações Exteriores do Brasil, o cônsul-geral da Suécia em São Paulo, Renato Pacheco Neto, e o cônsul-geral do Japão em São Paulo, Ryosuke Kuwana.

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