Suprema Corte requer justificação para nome de coronel da ditadura em viaduto paulistano.

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governo de São Paulo e a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) se manifestem sobre a aprovação da lei que nomeou um viaduto em Paraguaçu Paulista com o nome de Erasmo Dias, ex-secretário de Segurança Pública durante o período da ditadura militar, no prazo de cinco dias. A decisão foi tomada após uma ação protocolada pelo PT, PSOL e PDT solicitando a suspensão da norma, que foi sancionada em junho deste ano pelo vice-governador, Felipe Ramuth.

Os partidos alegam que a lei fere os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da democracia. Eles afirmam que Erasmo Dias foi responsável por vários atos de violação aos direitos fundamentais durante a ditadura, sendo o mais significativo a invasão da PUC-SP em 1977, com o objetivo de impedir a realização do Encontro Nacional dos Estudantes, o que resultou na prisão de centenas de estudantes.

Os partidos argumentam que a homenagem proposta pelo autor da lei é uma subversão de valores inaceitável para um Estado Democrático, uma vez que Erasmo Dias foi um agente da ditadura e praticante confessou de tortura psicológica.

O governo de São Paulo afirma que o projeto de lei foi avaliado tanto do ponto de vista técnico como jurídico antes de ser sancionado. No entanto, caberá à ministra Cármen Lúcia analisar as informações prestadas pelas partes envolvidas e tomar uma decisão.

Ainda não há uma data prevista para o julgamento dessa questão. Cármen Lúcia deve analisar cuidadosamente os argumentos apresentados pelos partidos e pelo governo de São Paulo antes de emitir seu parecer.

A polêmica envolvendo o nome do viaduto em Paraguaçu Paulista reflete a discussão em curso no Brasil sobre o papel de figuras ligadas à ditadura militar na história do país. Enquanto alguns defendem a memória dessas pessoas em nome da “preservação histórica”, outros questionam a legitimidade de homenagear indivíduos envolvidos em violações dos direitos humanos.

Caberá ao Supremo Tribunal Federal decidir se a lei que nomeou o viaduto em Paraguaçu Paulista com o nome de Erasmo Dias será suspensa ou mantida. Essa decisão terá um impacto significativo na forma como o Estado lida com o passado autoritário e na valorização dos princípios democráticos que regem a sociedade brasileira.

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