Repórter São Paulo – SP – Brasil

O ex-presidente Lula sanciona MP para tributar fundos de alta renda, visando a equidade fiscal e combate à desigualdade.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta segunda-feira uma medida provisória que estabelece a cobrança de uma taxação de 15% a 20% sobre os rendimentos de fundos exclusivos, que possuem apenas um cotista. Segundo estimativas do governo federal, há cerca de 2,5 mil brasileiros que possuem recursos aplicados nesses fundos, que somam um total de R$ 756,8 bilhões, representando 12,3% dos fundos no país.

Esses fundos exclusivos, também conhecidos como fundos dos super ricos, geralmente exigem um patrimônio mínimo de R$ 10 milhões devido aos custos de manutenção, que podem chegar a R$ 150 mil por ano. A medida provisória tem validade imediata, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional em até 120 dias para se tornar permanente. O anúncio da MP foi feito durante um evento no Palácio do Planalto, no qual o presidente Lula também sancionou a lei que reajusta o salário mínimo e amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).

Durante o evento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu as medidas de taxação de fundos e investimentos no exterior, afirmando que o objetivo não é promover uma “revanche” contra os mais ricos, mas sim estabelecer um sistema tributário mais equilibrado e uma justiça social. Ele argumentou que países capitalistas mais desenvolvidos, como os da Europa, América do Norte e América do Sul, já adotam medidas semelhantes.

A MP determina que a cobrança será realizada duas vezes ao ano, em contraste com a tributação atual, que ocorre somente no momento do resgate. Será cobrada uma alíquota de 10% daqueles que optarem por iniciar a arrecadação em 2023. A previsão é que a medida arrecade R$ 24 bilhões entre 2023 e 2026.

Além da MP dos fundos exclusivos, o governo também anunciou o envio de um projeto de lei para tributar os rendimentos no exterior mantidos através de trust e offshore. Essas taxações chegaram a ser incluídas na MP do reajuste do salário mínimo, mas foram removidas após votação na semana passada, devido a resistência de parlamentares. O governo argumentou que a tributação compensaria a renúncia fiscal com a correção da tabela do Imposto de Renda. O projeto de lei prevê a arrecadação de R$ 10 bilhões por ano a partir de 2024, além de outros R$ 3 bilhões neste ano para financiar a ampliação da faixa de isenção.

A íntegra da MP e do projeto de lei será publicada em edição extra do Diário Oficial da União, de acordo com o Palácio do Planalto.

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