O coronavírus pode desencadear a produção de anticorpos problemáticos, levando a complicações graves como trombose e outras.

Um estudo recente publicado na revista científica Nature indica que a infecção pelo vírus SARS-CoV-2, responsável pela COVID-19, pode levar ao aumento da produção de autoanticorpos, moléculas relacionadas a doenças autoimunes. Essa descoberta ajuda a explicar por que os idosos tendem a ser mais suscetíveis à doença e por que casos graves de COVID-19 estão associados a distúrbios de coagulação sanguínea, como trombose.

De acordo com o estudo, a hiperinflamação causada pela COVID-19 grave e o aumento dos autoanticorpos estão relacionados ao desenvolvimento de trombos, levando à necessidade de reconstruir tecidos e a uma cascata de coagulação no organismo. A trombose e a inflamação são eventos imunológicos intimamente ligados, e essa pesquisa corrobora essa relação.

Outro aspecto interessante do estudo é que o aumento dos níveis de autoanticorpos observado em pacientes com COVID-19 grave pode ser aplicável a outras patologias. Isso significa que essas moléculas podem se tornar alvos terapêuticos importantes para salvar a vida de pacientes em estágios avançados de doenças, como sepse.

O estudo analisou dados de 159 pacientes com COVID-19 de diferentes graus de gravidade, além de amostras de indivíduos saudáveis. Por meio de técnicas de inteligência artificial, os pesquisadores identificaram dois autoanticorpos principais que estavam em níveis exacerbados nos pacientes com sintomas graves. Esses autoanticorpos estão associados à formação de trombos e à redução do número de plaquetas no sangue.

Além dos idosos, o estudo mostrou que o mecanismo de danos teciduais causados por autoanticorpos também pode ocorrer em pessoas com menos de 50 anos. No entanto, os idosos tendem a ser mais suscetíveis ao agravamento da doença devido a esse mecanismo.

Estudos anteriores já haviam identificado autoanticorpos neutralizantes de proteínas relacionadas à defesa antiviral presente na população em geral, que também aumentavam em pacientes idosos com COVID-19. Esse novo estudo expande o conhecimento sobre os autoanticorpos associados ao envelhecimento, mostrando que pacientes com a doença têm um aumento significativo dos níveis de autoanticorpos contra 16 alvos específicos.

Os autores do estudo ressaltam que ainda não está claro se o agravo da COVID-19 leva ao aumento dos autoanticorpos ou se é o contrário. No entanto, acredita-se que esses dois eventos ocorrem de forma mútua e bidirecional, contribuindo para o agravamento da doença.

Esse estudo traz novas informações importantes sobre a fisiopatologia da COVID-19 e sua relação com os autoanticorpos. Além disso, pode abrir caminho para intervenções terapêuticas mais direcionadas e salvar vidas de pacientes com doenças graves, não apenas relacionadas ao coronavírus.

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