Moradores afirmam que homem morto pela PM em Guarujá estava com unhas arrancadas e alicate próximo ao corpo.

No último dia 18, o encanador Willians dos Santos Santana, de 36 anos, foi brutalmente assassinado por policiais militares dentro de seu barraco na ponta da praia de Perequê, em Guarujá, litoral de São Paulo. Seu corpo foi entregue à família com evidências de tortura, incluindo um ferimento no rosto, um hematoma na cabeça, as unhas arrancadas e cortes nos braços.

A fim de investigar o ocorrido, a reportagem entrevistou oito pessoas, entre familiares e vizinhos, que estavam presentes no momento em que os policiais entraram no barraco. Quatro deles afirmaram ter presenciado os gritos de socorro de Santana e encontraram indícios de tortura tanto no local quanto no corpo da vítima. Um alicate ensanguentado e uma faca foram encontrados no chão do barraco, próximos ao corpo da vítima.

Testemunhas também relatam ter visto ferimentos no rosto de Santana, que condizem com um ferimento a faca. Fragmentos de pele foram encontrados no chão e um braço da vítima estava em decomposição durante o velório.

Infelizmente, este não é o primeiro caso de suposta tortura relatado por vizinhos e familiares desde o início da Operação Escudo, que completa um mês nesta segunda-feira (28). Das 22 pessoas mortas pela PM durante a operação, Santana é o segundo caso a despertar suspeitas de abuso e tortura.

A Operação Escudo tem recebido críticas por supostos abusos cometidos pelos policiais e por mortes de pessoas inocentes que não estão envolvidas com o crime organizado. No entanto, o governador Tarcísio de Freitas e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, negam as acusações e afirmam que os laudos oficiais, elaborados pelo Instituto Médico Legal, não apresentam sinais de tortura.

Santana era um encanador que já havia trabalhado em obras da Sabesp e da Prefeitura de Guarujá. Além disso, ele fazia bicos como eletricista e cabeleireiro. Conhecidos e um ex-supervisor de trabalho testemunharam sobre sua conduta e afirmam que ele nunca foi visto com uma arma de fogo.

Duas semanas antes de sua morte, Santana teria sido abordado por policiais militares que o ameaçaram, dizendo que iriam matar pelo menos quatro pessoas na comunidade de Perequê, podendo ele ser uma das vítimas. Desde então, ele estava hospedado na casa de sua mãe, fora de Guarujá, e voltou ao bairro na sexta-feira para fazer um serviço.

No dia do ocorrido, duas viaturas do 12º Baep estacionaram próximas à rua Maria Bonita e os policiais fizeram um patrulhamento a pé. Testemunhas afirmam que Santana correu para dentro do barraco ao ver a equipe de policiais. Em meio a disparos de tiros e sirenes acionadas, Santana foi morto.

A família de Santana possui um atestado emitido pela SSP que comprova a ausência de antecedentes criminais do encanador. No entanto, o boletim de ocorrência feito pelos policiais alega que Santana teria atirado nos policiais e portava um revólver calibre 38. Nenhum policial ficou ferido durante o incidente.

Vídeos gravados por moradores no dia da morte mostram protestos contra o ocorrido. Os moradores afirmam que Santana era um trabalhador inocente e exigem justiça.

A Operação Escudo tem sido criticada pela sua letalidade e pelas denúncias de abuso policial. As imagens das câmeras corporais dos policiais foram enviadas ao Ministério Público de São Paulo, que investiga os casos. A Secretaria da Segurança Pública garante que todas as mortes estão sendo minuciosamente investigadas e que qualquer denúncia de abuso da força policial será apurada.

É lamentável que a morte de mais um cidadão inocente ocorra em meio a uma operação policial. É fundamental que as autoridades responsáveis investiguem profundamente o caso de Santana e garantam que todos os policiais envolvidos sejam responsabilizados, caso seja comprovado qualquer abuso por parte deles. A comunidade de Perequê e os familiares de Santana merecem justiça.

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