Luto por Generoso, o tradutor do Rio, que levou o botequim carioca para além das fronteiras. Descanse em paz.

Paulo Thiago de Mello, jornalista, escritor e antropólogo, foi reconhecido por sua generosidade, que se destacava entre suas muitas qualidades. Sua calma característica era evidente em todas as suas atividades, seja ao compartilhar fontes, livros, filmes ou samba, mas especialmente ao frequentar os botequins cariocas, que davam alma à boemia do Rio de Janeiro. Foi nesse ambiente que Paulo encontrou sua missão na vida: traduzir a atmosfera única desses estabelecimentos, ao lado de seu amigo José Octávio Sebadelhe, resultando no livro “Memória Afetiva do Botequim Carioca”, lançado em 2016.

Nascido no Rio de Janeiro, Paulo Thiago de Mello teve uma infância marcada por brincadeiras típicas, como jogar bola e soltar pipa nas favelas da Praia do Pinto, Leblon, no morro do Vidigal e na Rocinha. Ao crescer, ele passou a apreciar ainda mais as rodas de samba, o chope gelado e, acima de tudo, a boemia do bairro de Botafogo, onde viveu por décadas e onde se dedicou a documentar sua cultura única.

Filho do músico Gaudencio Thiago de Mello, nascido no Amazonas e radicado em Nova York, e sobrinho do renomado poeta Amadeu Thiago de Mello, cujo trabalho foi uma defesa apaixonada da floresta amazônica e que faleceu no ano passado, Paulo Thiago de Mello seguiu uma carreira brilhante no jornalismo, passando por veículos como Jornal do Brasil, O Dia e O Globo, onde trabalhou por um longo período. Além disso, ele também era um antropólogo, equilibrando sua vida na redação com sua atuação acadêmica. Como pesquisador do Laboratório de Etnografia Metropolitana do Rio de Janeiro, da UFRJ, ele estudou e apresentou a cultura carioca à França, realizando comparações com bairros parisienses.

Uma amiga próxima, Vivi Fernandes de Lima, relembra que a amizade entre eles começou em 1997, em um encontro no botequim Dona Maria, na rua Garibaldi, local que sempre abrigou as rodas de samba frequentadas por Paulo. A amizade se fortaleceu em um dia de pré-Carnaval, e desde então eles estavam sempre juntos.

Nos últimos anos, problemas de mobilidade e circulação afetaram a saúde de Paulo Thiago de Mello. Infelizmente, ele faleceu em 20 de agosto, aos 64 anos, devido a complicações no fígado. Deixa um legado de amizades duradouras e amantes da boemia.

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