Hoje, a Favela do Moinho celebra com festa a memória dos dez anos desde a demolição de seu muro.

A Favela do Moinho, localizada na região central de São Paulo, comemora neste sábado (26) uma importante conquista: a derrubada do muro que cercava a comunidade. O muro, que dificultava a evacuação em casos de incêndio, foi removido pelos próprios moradores, após enfrentarem dificuldades em conseguir que a prefeitura tomasse providências.

Há dez anos, os moradores da favela se mobilizaram para obter os laudos e alvarás necessários para a derrubada do muro. Alessandra Moja, líder comunitária que vive há 30 anos na região, relembra a importância dessa ação: “Mostramos que o poder não fazia, mas que nós, o povo, podíamos fazer. A força está no povo, não está no poder”.

A comunidade do Moinho já havia enfrentado grandes incêndios no passado, que destruíram centenas de residências e deixaram milhares de pessoas desabrigadas. Em 2011, um incêndio afetou 1,2 mil pessoas e causou a morte de duas pessoas. No ano seguinte, mais um incêndio resultou em pelo menos uma morte e deixou outras 300 pessoas sem suas casas.

Diante dessa realidade, em 2013, a comunidade decidiu abrir as rotas de fuga, utilizando marretas. Desde então, os moradores têm reconstruído suas casas e revitalizado as vielas onde as crianças brincam. A festa de comemoração dos dez anos da derrubada do muro é um momento de celebração e resistência.

Ao longo dos anos, a comunidade do Moinho tem enfrentado outras dificuldades, como as tentativas do Poder Público de desocupar a área. Em 2017, a prefeitura acusou a comunidade de fornecer drogas para a Cracolândia, local onde pessoas em situação de rua fazem uso de substâncias, que fica a cerca de 2 quilômetros da favela. No entanto, o projeto anunciado na época não foi adiante.

Para contar a história da luta e resistência da comunidade do Moinho, será exibido o documentário “Muro da Vergonha”, produzido pelo coletivo Fabcine. Além disso, artistas locais se apresentarão durante a festa de comemoração.

Alessandra Moja, que criou a filha na comunidade e viveu 30 anos no local, afirma que nem mesmo a possibilidade de ser atendida por um programa habitacional a faria deixar o Moinho. Para ela, um apartamento não paga a história construída ao longo dos anos.

A comemoração dos dez anos da derrubada do muro marca um momento importante para a Favela do Moinho, reforçando a força e união da comunidade perante os desafios e adversidades enfrentados ao longo dos anos.

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