O número de vítimas fatais causadas pela PM nas cidades de Santos e Guarujá atingiu a marca de 22 em menos de um mês.

No último dia 23 de agosto, dois indivíduos morreram em decorrência de intervenção policial em Santos e Guarujá, elevando para 22 o número de mortes pela Operação Escudo. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), as duas vítimas mais recentes são um homem de 25 anos e um adolescente de 17.

Em Guarujá, os policiais militares estavam atuando em uma comunidade quando identificaram traficantes armados no local. Um dos suspeitos teria apontado uma arma em direção aos PMs, que revidaram e atingiram o indivíduo. Ferido, ele foi encaminhado a uma Unidade de Pronto Atendimento, porém não resistiu aos ferimentos. A SSP informou que o suspeito carregava consigo uma mochila contendo drogas, um rádio-comunicador e dinheiro.

Já em Santos, o adolescente de 17 anos foi morto na mesma noite. Segundo a SSP, ele havia tentado roubar um carro. Durante o patrulhamento, os policiais militares presenciaram um casal sendo retirado à força de um veículo por dois criminosos, que fugiram com o automóvel. Após colidirem em um muro, o adolescente sacou a arma que carregava e acabou sendo atingido pelos PMs. Ele foi levado ao pronto-socorro, mas não resistiu aos ferimentos. O comparsa conseguiu escapar.

Em ambos os casos, as armas dos policiais foram apreendidas, assim como as pistolas que supostamente estavam com as vítimas.

A Operação Escudo, deflagrada no final de julho, é considerada a mais letal da Polícia Militar paulista desde o massacre do Carandiru. Ela foi iniciada após o assassinato do soldado Patrick Bastos Reis, da Rota. Moradores da região denunciam que alguns casos envolvem pessoas desarmadas e relatam invasões de casas por policiais mascarados, ameaças e indícios de tortura. No entanto, o governo de Tarcísio de Freitas nega as acusações e afirma que não há evidências de abusos.

Imagens de câmeras corporais de policiais militares enviadas ao Ministério Público de São Paulo mostram registros de confrontos com criminosos em apenas três dos 16 casos iniciais em que houve mortes.

Durante aproximadamente duas semanas, a operação na Baixada Santista não registrou óbitos. No entanto, no dia 15 de agosto, um delegado da Polícia Federal foi baleado e ficou gravemente ferido. Após esse incidente, mais quatro pessoas foram mortas em ações da PM.

A SSP informou que todos os 22 casos de morte decorrente de intervenção policial durante a Operação Escudo estão sendo investigados pela DEIC de Santos e pela Polícia Militar, por meio de Inquérito Policial Militar. Além disso, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa mobilizou policiais civis e técnicos-científicos para apoiar as investigações. A operação continua com o objetivo de sufocar o tráfico de drogas e combater o crime organizado, já tendo resultado na prisão de 621 pessoas, sendo 236 foragidos da Justiça, além da apreensão de 82 armas e 895 kg de entorpecentes.

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