O ato aconteceu em frente à Basílica do Senhor do Bonfim, na Cidade Baixa, onde também foi realizada a missa de sétimo dia em memória de Bernadete Pacífico. Os manifestantes carregavam faixas e cartazes, e se revezaram em discursos criticando a política de segurança pública do estado da Bahia, a letalidade das ações policiais nos bairros periféricos e as violências sofridas pelas comunidades tradicionais.
Durante a manifestação, Samira Soares, coordenadora do Movimento Negro Unificado na Bahia, afirmou que a Bahia é o estado mais negro do Brasil, mas também é o estado que mais mata pessoas negras. Ela criticou a política de segurança pública adotada pelo governador Jerônimo Rodrigues, do PT, e mencionou casos recentes de violência policial que resultaram na morte de crianças.
De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a Bahia foi o estado com mais mortes decorrentes de intervenção policial em 2022, totalizando 1.464 ocorrências. Desde 2015, o número de mortes registradas como autos de resistência quadruplicou no estado.
A letalidade das intervenções da polícia ganhou destaque nos últimos dias, após 31 pessoas serem mortas em ações policiais na Bahia. Além das entidades do movimento negro, também participaram da manifestação a Unegro, o Coletivo de Entidades Negras, a Rede de Mulheres Negras da Bahia e partidos políticos de esquerda como PSOL, UP e PSTU.
Os manifestantes também criticaram o governador Jerônimo Rodrigues e defenderam a adoção de câmeras nos uniformes policiais como medida para reduzir a letalidade das ações das forças de segurança. Após o protesto, os manifestantes se dirigiram à Basílica do Bonfim, onde participaram da missa em memória de Bernadete Pacífico.
A líder quilombola e ialorixá Bernadete Pacífico foi assassinada em sua casa na comunidade quilombola Pitanga de Palmares, em Simões Filho. Ela estava acompanhada de seus netos quando dois homens chegaram e a abordaram. Os netos foram trancados em um quarto e Bernadete foi morta a tiros. A líder quilombola já havia recebido ameaças e estava sob programa de proteção a defensores dos direitos humanos do governo na Bahia. A Polícia Civil está investigando o caso.