A presidente do STF, ministra Rosa Weber, afirmou que fatos como esse mostram o longo caminho que ainda precisamos percorrer como sociedade em busca do avanço civilizatório e da efetivação dos direitos fundamentais garantidos pela Constituição. Weber já havia cobrado a apuração do caso no dia seguinte ao assassinato, por meio de nota, e voltou a fazer cobranças durante a sessão desta quarta-feira.
A ministra lembrou também que esteve com Mãe Bernadete no dia 26 de julho, durante sua visita ao quilombo Quingoma, em Salvador. Após o encontro, ela conversou com o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, pedindo cuidado especial com os povos quilombolas. Como presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Weber criou um grupo de trabalho para elaboração de estudos e propostas que visam melhorar a atuação do Poder Judiciário nas questões relacionadas às comunidades quilombolas.
Após o assassinato de Mãe Bernadete, o CNJ decidiu antecipar a reunião do grupo, mesmo sem as indicações de todos os representantes de órgãos públicos e organizações, que ainda estão dentro do prazo para fazer isso. Dois juízes do CNJ foram à Bahia logo após o crime para acompanhar a investigação e a reparação aos familiares da vítima e membros das comunidades quilombolas.
A ministra Cármen Lúcia, também do STF, se manifestou sobre o assassinato, afirmando que a morte de Mãe Bernadete é mais uma chaga entre tantas desumanidades que o país tem testemunhado. Ela ressaltou a história do Brasil, que apaga as mulheres guerreiras. No mesmo dia, um grupo de deputados federais realizou um cortejo na Câmara dos Deputados em Brasília, prestando homenagem à líder quilombola.
Os casos de violência contra líderes quilombolas evidenciam a persistência de conflitos e ameaças enfrentados por essas comunidades em sua luta por reconhecimento e preservação de seus territórios. A cobrança por justiça e investigação dos responsáveis por essas atrocidades não apenas é necessária, mas também representa um clamor por um país mais justo e que respeite os direitos dos povos tradicionais.