Bahia em crise: guerra entre facções, chacinas e violência policial acendem alerta para segurança pública no estado.

O estado da Bahia enfrenta uma situação alarmante no que diz respeito à segurança pública. O governador Jerônimo Rodrigues, do PT, encontra-se em uma encruzilhada, tentando equilibrar-se entre as demandas da polícia, a necessidade de combater o crime e as críticas que recebe tanto de adversários quanto de aliados.

Em meio a esse contexto conturbado, a letalidade policial tem avançado, causando preocupação na população e gerando discussões sobre os direitos humanos. Um caso recente que causou comoção nacional foi o assassinato da líder quilombola Bernadete Pacífico. O evento ocorreu justamente na véspera de um ato do movimento negro em apoio às mães que perderam seus filhos em ações policiais.

A Bahia tem enfrentado um aumento da violência e do número de mortes violentas nos últimos anos. De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o estado é o líder em mortes violentas no Brasil desde 2019. Embora tenha havido uma redução de 5,9% nas ocorrências em 2022, ainda foram registrados 6.659 assassinatos.

O tráfico de drogas tem desempenhado um papel significativo no aumento da violência na Bahia. Alianças entre facções criminosas locais e nacionais têm levado a uma disputa por territórios e ao aumento da letalidade policial. A polícia estima que cerca de 65% dos crimes violentos no estado estejam relacionados ao tráfico de drogas.

Além disso, as facções têm ampliado suas atividades criminosas, envolvendo-se em roubo, sequestro, golpes e extorsões. É comum que esses grupos cobrem um “pedágio” dos comerciantes em áreas dominadas por eles, criando um clima de medo e insegurança nas comunidades periféricas.

As vítimas dessa escalada de violência são principalmente jovens negros e pobres, que sofrem com tiroteios recorrentes e mortes violentas no dia a dia. Escolas têm sido obrigadas a suspender as aulas devido à violência, e crianças têm sido baleadas em meio aos confrontos. O número de mortes decorrentes de intervenção policial tem aumentado, chegando a uma média de 28 casos por semana em 2022.

Diante dessa situação, o governador Jerônimo Rodrigues tenta encontrar soluções para a crise de segurança. Ele promete fechar o cerco ao crime, critica a imprensa e se apresenta como o “governador dos direitos humanos”. No entanto, suas ações têm sido alvo de críticas tanto pela falta de efetividade quanto pela percepção de que sua política de segurança acaba criminalizando as comunidades negras mais vulneráveis.

O secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, defende ações mais ostensivas de combate ao crime organizado e critica a “permissividade das interpretações das leis”. Ele destaca a necessidade de investimento em segurança, integração entre as forças policiais e investigações orientadas pela inteligência.

Enquanto isso, mães que perderam seus filhos em ações policiais clamam por justiça e pedem celeridade nas investigações. Elas levantam a questão de que muitas vezes os casos são tratados como “troca de tiros” e que é necessário que a morte de seus filhos não fique impune.

O cenário atual na Bahia é complexo e exige medidas efetivas para combater a violência, garantir a segurança da população e respeitar os direitos humanos. O equilíbrio entre esses elementos será a chave para enfrentar essa crise e promover uma sociedade mais justa e segura para todos os baianos.

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