A pandemia causou retrocesso de dez anos na produtividade educacional das crianças brasileiras.

A pandemia de Covid-19 causou um retrocesso de uma década nos avanços conquistados pelo Brasil para aumentar a produtividade das crianças, de acordo com um estudo do Banco Mundial. O economista-chefe para desenvolvimento humano do Banco Mundial, Norbert Schady, classificou o impacto da pandemia como “devastador”, mas afirmou que é possível compensar essa década perdida com políticas imediatas e assertivas para melhorar a qualidade da educação básica.

Os dados do relatório foram apresentados por Schady durante um evento promovido pela Fundação Lemann. Segundo a pesquisa, o Índice de Capital Humano (ICH) brasileiro caiu de 0,6 para 0,54 entre 2019 e 2021, o mesmo nível registrado em 2009. O ICH estima a produtividade futura de uma criança ao completar 18 anos, levando em conta as condições de educação e saúde.

Isso significa que um brasileiro médio nascido em 2019 alcançaria apenas 54% de seu potencial aos 18 anos, em comparação aos 60% antes da pandemia. Quanto maior o número do ICH, maior é a produtividade do trabalho no futuro. O indicador é composto por aspectos que influenciam a formação de habilidades, como taxa de sobrevivência infantil, acesso à aprendizagem adequada e indicadores de saúde na vida adulta.

Schady afirmou que a pandemia foi o evento mais devastador para o capital humano no mundo desde a Segunda Guerra Mundial e teve efeitos piores em países com altos níveis de desigualdade, como o Brasil. Durante a pandemia, o país ficou com as escolas fechadas por um longo período, o que resultou na queda do número de crianças matriculadas na educação infantil e na perda de aprendizado de estudantes de todas as idades.

Estudos mostram que as crianças não apenas deixaram de aprender o que deveriam, mas também reverteram o aprendizado já adquirido, sendo que os mais afetados foram os estudantes mais novos. Diante disso, Schady defende que a recuperação e aceleração da aprendizagem devem ser as prioridades das políticas públicas nos próximos anos.

A economista sênior do Banco Mundial, Joana Silva, também ressalta a importância de políticas educacionais, destacando que o foco deve ser não apenas no acesso ao ensino, mas também na qualidade. Países que investiram em uma educação de qualidade para todos obtiveram resultados consistentes no desenvolvimento do capital humano.

Portanto, é fundamental que o Brasil concentre esforços em políticas que melhorem a qualidade da educação, garantindo que as crianças tenham acesso a um ensino adequado, mesmo diante de desafios como a pandemia. A recuperação do capital humano perdido durante a crise sanitária será essencial para impulsionar a produtividade do país no futuro.

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