A Corregedoria tem parecer favorável ao pedido de cassação do vereador Camilo Cristófaro.

Na última quinta-feira (24), a Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo decidiu pela cassação do vereador Camilo Cristófaro (Avante) por quebra de decoro parlamentar. O parlamentar é acusado de racismo após ter feito um comentário ofensivo sobre pessoas negras. O órgão acatou o voto do relator do caso, o vereador Marlon Luz (MDB), em reunião realizada hoje.

Dos 7 legisladores presentes na votação, 5 foram favoráveis à perda de mandato de Cristófaro. Os vereadores Alessandro Guedes (PT), Aurélio Nomura (PSDB), Danilo do Posto de Saúde (Podemos) e Silvia da Bancada Feminista (PSOL) manifestaram-se a favor da cassação, enquanto Sansão Pereira (Republicanos) foi o único a discordar.

O presidente da Corregedoria, Rubinho Nunes (União Brasil), só votaria em caso de empate. O processo disciplinar tramitava há mais de um ano e três meses. Em maio do ano passado, Cristófaro proferiu a frase “é coisa de preto”. Embora tenha afirmado que estava se referindo à cor de um carro e que era uma brincadeira com um amigo, a Corregedoria decidiu pela cassação.

Testemunhas de defesa do vereador alegaram que a frase havia sido direcionada ao amigo Anderson Silva Medeiros. No entanto, o relator Marlon Luz não ficou convencido e escreveu em seu relatório que “o vereador reforçou a percepção socialmente abominável de que as pessoas negras são necessariamente encarregadas de executar trabalhos manuais”.

Antes da decisão da Corregedoria, um protesto ocorreu em frente ao prédio da Câmara Municipal, no centro de São Paulo. Entidades lançaram um portal chamado “racismonaoebrincadeira.org”, onde foi disponibilizado um abaixo-assinado e informações sobre crimes raciais. Além disso, foram informados os e-mails de todos os membros da Corregedoria para que fossem pressionados.

Agora, o relatório com o pedido de cassação será enviado à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que terá três dias para elaborar um parecer sobre o projeto de resolução e encaminhá-lo ao presidente da Câmara, Milton Leite. Leite, que também participou de protestos contra a atitude de Cristófaro no ano passado, pode pautar o caso já na sessão plenária seguinte.

A expectativa é que o processo de cassação seja julgado em menos de duas semanas, antes do feriado de 7 de setembro. No plenário, Cristófaro terá duas horas para se defender. No entanto, para salvar o mandato, ele precisa de pelo menos 36 votos dos 55 vereadores. Caso a cassação seja confirmada, o suplente Adriano Santos (PSB) assumirá a vaga.

Além da perda do mandato, o vereador também deverá ficar oito anos inelegível. Vale ressaltar que na Justiça, ele foi absolvido em julho deste ano da acusação de racismo. No entanto, o Ministério Público recorreu da decisão. O vereador já acumula outras polêmicas, como o caso em que chamou o vereador Fernando Holiday (Novo) de macaco de auditório e o momento em que puxou os olhos se referindo ao vereador George Hato (MDB) durante uma discussão no grupo de WhatsApp com demais legisladores.

No primeiro mandato, Cristófaro já havia sido cassado pela Câmara após uma decisão judicial. No entanto, ele obteve uma decisão favorável no STF e retornou ao cargo. Sendo assim, agora o futuro político de Camilo Cristófaro está nas mãos da Câmara Municipal de São Paulo.

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