O movimento sugere que o Estado direcione atenção especial às mulheres, em pautas e políticas públicas.

No estado de São Paulo, a dinâmica em torno da população em situação de rua varia de acordo com o município. A assistente social Claudia de Brito Araújo, que trabalha nessa área há quatro anos, observa que as características locais influenciam nessa realidade. Na Baixada Santista, por exemplo, as oscilações no fluxo de pessoas são evidentes, não apenas entre veranistas e turistas, mas também entre aqueles que acabam nas ruas por falta de moradia.

De acordo com Claudia, a situação na Baixada Santista é um pouco diferente da capital, devido ao clima e à sazonalidade da população. Durante a temporada, muitas pessoas vão para o litoral e acabam passando férias em situação de rua, o que resulta em julgamentos e preconceitos. A região também é conhecida por ter um viés mais conservador, o que dificulta a implementação de políticas públicas para ajudar essa parcela da população.

A assistente social destaca que um dos desafios para debater sobre a população em situação de rua é que a sociedade costuma culpabilizar os indivíduos por sua condição, sem compreender que isso é uma questão social causada pelas desigualdades. Claudia ressalta a importância de oferecer apoio e não simplesmente ajudar essas pessoas.

Um exemplo da resistência e luta enfrentada por quem vive nas ruas é a história de Laura Dias, uma líder do movimento da população em situação de rua. Laura teve problemas com drogas por 20 anos e chegou a ficar sem um teto. Ela conta que enfrentou violência e discriminação durante esse período, sendo tratada como invisível. Atualmente, ela busca poder através da luta em defesa daqueles que estão na mesma situação.

Laura relata que, durante sua gravidez na rua, teve medo de perder seu filho caso as autoridades descobrissem sua condição de dependência. Ela ressalta a falta de apoio para mulheres nessa situação e a dificuldade de procurar assistência médica por medo de ter seu filho tirado dela. Laura teve seu bebê em outra cidade, pois sabia que lá teria o apoio e proteção de sua mãe.

Na capital paulista, o censo municipal de 2021 estima que existem 31.884 pessoas em situação de rua. Os desafios enfrentados pelo poder público na região da Cracolândia são um exemplo da necessidade de políticas públicas integradas para atender às demandas dessas pessoas. Movimentos sociais criticam o encaminhamento para comunidades terapêuticas, questionando a abordagem adotada pelas autoridades.

Em resposta, a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social (Seds) destaca que este ano acolheu aproximadamente 1,3 mil usuários na rede de comunidades e casas terapêuticas. Além disso, foi inaugurado o Espaço Prevenir, que visa atender as famílias de dependentes químicos e prevenir recaídas. Essas iniciativas representam um investimento significativo por parte do governo, com cada unidade de tratamento custando mais de R$ 2 milhões.

Como fica evidente, a situação da população em situação de rua em São Paulo é complexa e envolve várias questões sociais. A compreensão dessa realidade e o desenvolvimento de políticas públicas adequadas são fundamentais para oferecer apoio e garantir o respeito e a dignidade dessas pessoas.

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