Os aplicativos de namoro: uma dádiva ou uma maldição? Uma reflexão sobre seus impactos na maneira como nos relacionamos.

O namoro online se tornou uma prática frequente em muitos países, principalmente entre as gerações mais jovens. De acordo com uma pesquisa realizada em 2023, 77% das pessoas com idade entre 16 e 29 anos e 66% das pessoas com idade entre 30 e 49 anos já utilizaram aplicativos de namoro. Além disso, a maioria dos casais atualmente se conhece pela internet.

Um exemplo disso é a brasileira Giovana Idalgo Zanforlin, de 31 anos, e sua parceira Juliana. Zanforlin afirma que, embora o namoro online possa ser superficial, é muito conveniente, pois não é necessário sair de casa para conhecer alguém e é possível descobrir a orientação sexual da pessoa quase imediatamente.

As plataformas de relacionamento online, como o Tinder, Bumble e Grindr, funcionam através de algoritmos que cruzam informações do perfil do usuário, como fotos, localização e preferências, com possíveis interessados. O Tinder, por exemplo, se tornou líder no mercado global ao permitir que os usuários deslizem os perfis para a esquerda (não gostei) ou para a direita (gostei). Se ambas as pessoas se curtirem, ocorre um match e é possível iniciar uma conversa.

Apesar da praticidade desses aplicativos, muitos usuários reclamam da superficialidade das interações. Alfonso Rosales Garcia, um fisioterapeuta de 29 anos, critica a forma como se sentem como produtos em uma loja ao utilizar essas plataformas. Além disso, ele aponta que os aplicativos têm interesse em lucrar com a vida amorosa das pessoas, o que pode ser percebido pela oferta de recursos extras mediante pagamento.

Pia Kabitzsch, autora do livro It’s a date!, ressalta que cabe aos usuários decidir como utilizar os aplicativos e como se relacionar com os novos contatos. Kabitzsch também destaca que a velocidade com que os perfis são analisados e o ghosting (quando alguém para de responder sem motivo aparente) são motivos de frustração.

Além disso, os aplicativos de namoro podem levar a problemas mentais, como estresse e insatisfação. Estudos indicam que o uso excessivo dessas plataformas pode agravar condições como depressão, ansiedade e baixa autoestima. Há provedores que adotaram medidas para contornar esses problemas, como o OKCupid, que utiliza um questionário detalhado para traçar o perfil dos usuários.

Para evitar frustrações e comportamentos prejudiciais, a psicóloga Kabitzsch aconselha os usuários a saberem o que procuram, dedicar tempo para olhar perfis com calma e lembrar que há uma pessoa com sentimentos por trás de cada foto. Ela também destaca a importância de fazer pausas regulares e não se deixar levar pela dependência dos aplicativos.

O namoro online oferece inúmeras possibilidades, mas é necessário utilizá-lo de forma consciente para que as interações sejam saudáveis e significativas.

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