O crime ocorreu na noite de quinta-feira (17). Segundo relatos, criminosos invadiram a comunidade, mantendo familiares como reféns antes de executar a líder quilombola a tiros dentro de sua própria casa. Vale ressaltar que o filho de Maria Bernadete, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, também foi executado há quase seis anos. A maioria das vítimas dessas execuções liderava territórios quilombolas, e os crimes ocorreram dentro dessas comunidades com o uso de armas de fogo.
Os estados mais afetados por esses assassinatos são Bahia, Maranhão e Pará, com 11, 8 e 4 casos, respectivamente. Além disso, há registros de casos em Pernambuco, Paraíba, Minas Gerais e Alagoas. A Conaq expressa sua indignação e exige do Estado brasileiro uma posição em relação a esses crimes impunes. Denildo Rodrigues, coordenador da Conaq, afirma que essa situação é muito grave e que o Sistema de Justiça não pode ignorar a violência que ocorre nos territórios quilombolas.
Segundo Rodrigues, a maioria dos assassinatos está relacionada à disputa por terras quilombolas. Ele destaca que, apesar de estarem nesses territórios por mais de 400 anos, os negros e negras tiveram seu direito à terra negado devido ao racismo fundiário existente no país. A Conaq pressiona o Estado brasileiro para que sejam dadas respostas à série de execuções.
A Polícia Federal da Bahia iniciou um inquérito para investigar o assassinato de Maria Bernadete Pacífico Moreira, e a Superintendência da PF na Bahia é responsável pela investigação do assassinato de seu filho. Além disso, uma comitiva composta por representantes dos ministérios da Igualdade Racial, Justiça e Direitos Humanos está na Bahia para realizar reuniões e prestar atendimento às vítimas e familiares, garantindo proteção e defesa dos territórios.
O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) também demonstrou pesar pelo assassinato de Mãe Bernadete. Em nota, o conselho ressalta a urgência de medidas emergenciais e estruturais por parte do Poder Público para conter a violência contra grupos vulneráveis e combater as verdadeiras causas desses crimes revoltantes. O CNDH acompanhará as investigações até que os responsáveis sejam devidamente responsabilizados e destaca a importância de garantir a proteção dos familiares de Mãe Bernadete e adotar medidas para preservar a liberdade de expressão religiosa, dado o viés de racismo religioso presente nesses crimes.