Repórter São Paulo – SP – Brasil

Ministro Carlos Fávaro alega ter ‘amigos’ no MST, enquanto Salles argumenta o contrário, resultando em bate-boca na CPI.

O embate entre o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e o deputado Ricardo Salles (PL-SP) marcou a sessão da CPI do MST nesta quinta-feira. Carlos Fávaro compareceu à audiência como convidado e trouxe à tona a declaração polêmica de Ricardo Salles sobre “passar a boiada” durante uma reunião ministerial no governo Bolsonaro. O deputado, que é relator da comissão, afirmou não ter vergonha dessa declaração.

Durante a audiência, a discussão acirrou-se quando Fávaro mencionou que tem “amigos” no MST, o movimento que é o principal alvo da investigação da CPI. Salles sugeriu que o ministro adotava uma postura condescendente em relação ao movimento, o que gerou tensão entre os dois. Salles afirmou que Fávaro entendia ser legítimo invadir terras devolutas, o que foi rebatido pelo ministro, que esclareceu que a reivindicação de terra é legítima, mas invadir é crime.

Salles insistiu na questão e cobrou um posicionamento claro de Fávaro, questionando se qualquer manifestação que invada espaços públicos e privados é crime. O ministro respondeu que sim, e pouco tempo depois condenou explicitamente a invasão em terras devolutas. A discussão continuou ao longo da sessão, com Salles tentando colocar Fávaro em conflito com outras entidades e questionando sua postura em relação aos transgênicos no Mato Grosso.

Fávaro adotou um discurso conciliatório, afirmando ter amigos no MST e respeitar a luta pela terra. Ele destacou a ida à CPI do líder do grupo, João Pedro Stédile, como um exemplo de que a gestão de Lula é “democrática” e “aberta ao diálogo”. A audiência começou com Fávaro reclamando da pressão da oposição para sua presença na CPI e alegando ter uma agenda no dia. Porém, o deputado Salles mostrou um comunicado em que o ministro apenas alegava uma “extensa agenda ministerial”, sem propor uma nova data para o encontro.

Em meio às discussões, Fávaro e Salles se confrontaram sobre a expressão “passar a boiada”. O ministro afirmou não ter vergonha de ter dito isso e destacou que falar em passar a boiada é algo positivo. Salles rebateu, questionando a postura de Fávaro ao usar a imagem de Bolsonaro em sua campanha para o Senado e depois se unir ao PT.

A sessão da CPI do MST foi marcada por confrontos e trocas de acusações entre o ministro da Agricultura e o deputado relator. As divergências expuseram diferentes visões sobre a questão da invasão de terras devolutas e colocaram em xeque a postura de Fávaro em relação ao MST. A audiência demonstrou o clima tenso que permeia as discussões sobre o movimento e o agronegócio no país.

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