A invasão visava desmoralizar o Judiciário, segundo revelações de Delgatti.

O hacker Walter Delgatti Netto revelou durante sua oitiva na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que sua invasão aos sistemas internos do Judiciário brasileiro tinha como objetivo desmoralizar o Poder Judiciário. Delgatti é conhecido por ter hackeado os celulares de procuradores da Operação Lava Jato e foi preso no dia 8 de agosto pela Polícia Federal sob acusação de invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e de forjar um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes.

Questionado pela relatora da CPMI, deputada Eliziane Gama (PSD-MA), sobre o motivo da invasão, Delgatti afirmou que queria mostrar a suposta fragilidade do sistema de Justiça brasileiro, especialmente após declarações do ministro Alexandre de Moraes de que o sistema era inviolável. Ele relatou que a intenção era despachar, utilizando o token do ministro, um mandado de prisão falso contra ele mesmo. Delgatti revelou ainda que incluiu no sistema um pedido de quebra de sigilo bancário do magistrado.

Segundo o hacker, ele teria recebido o texto do mandado de prisão do ministro Moraes da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que fazia parte do seu grupo de contatos. Delgatti afirmou que fez correções no documento e o publicou no sistema. Além disso, ele alegou ter tido acesso à intranet do sistema judiciário brasileiro por cerca de quatro meses, o que lhe permitiu acesso a todos os processos e senhas de juízes e servidores.

Delgatti também revelou ter tentado subornar um funcionário de uma empresa de telefonia, oferecendo R$ 10 mil, para obter uma segunda via do chip do celular de Alexandre de Moraes. A intenção era ter acesso ao e-mail do ministro e ao telefone de recuperação de senha, já que geralmente é exigida a confirmação via celular ao acessar um e-mail de um novo dispositivo. Entretanto, o funcionário recusou a oferta devido ao medo das repercussões, uma vez que Moraes estava constantemente na mídia ordenando prisões.

Delgatti afirmou que sua motivação para cometer esses crimes foi a promessa de um emprego feita pela deputada Carla Zambelli. Como o emprego não se concretizou, ele pediu dinheiro adiantado, alegando ter recebido um total de R$ 40 mil. Zambelli nega as acusações e afirma que contratou Delgatti apenas para cuidar de suas redes sociais.

Em nota divulgada por seu advogado, a deputada refutou as acusações e negou qualquer envolvimento em condutas ilícitas ou imorais. Alegou também que as declarações de Delgatti são falsas e teratológicas. A CPI segue investigando o caso para esclarecer todas as circunstâncias envolvendo a invasão aos sistemas do Judiciário brasileiro e suas possíveis ramificações políticas.

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