Segundo o procurador, há seletividade na atuação policial, indicando possíveis disparidades no tratamento dispensado pela lei.

O procurador regional da República e coordenador do Grupo de Trabalho Interinstitucional contra o Racismo na Atividade Policial, Paulo Gilberto Cogo Leivas, destacou durante sua participação no seminário Racismo na Atividade Policial: perspectivas e desafios, promovido pela Câmara de Controle Externo da Atividade Policial e Sistema Prisional do Ministério Público Federal, no Rio de Janeiro, que há uma “seletividade na atuação das polícias na questão racial”. Segundo Leivas, o grupo de trabalho foi criado para identificar práticas de racismo institucional nas forças federais de segurança e propor medidas para sua eliminação.

Leivas ressaltou que o racismo estrutural e institucional é uma triste realidade não apenas no Brasil, mas também no mundo. Para combater esse problema, o Grupo de Trabalho busca fomentar o debate público nas instituições policiais e propor ações para eliminar as condutas discriminatórias. O procurador frisou que as pessoas não podem ser tratadas de forma diferente pelo sistema de segurança pública com base em sua cor, etnia ou gênero.

Uma das questões levantadas por Leivas é a predominância de homens brancos nos cargos de chefia das instituições policiais. Segundo a pesquisa Perfil Racial dos Sistemas Prisionais e da Segurança Pública, em dezembro de 2021, 66,3% dos servidores em cargos de chefia na Polícia Federal eram brancos e apenas 27,1% eram negros. Isso reflete um problema de branqueamento das chefias, mesmo que já existam políticas de ação afirmativa nos concursos.

Jacqueline Sinhoreto, coordenadora do estudo, destacou que é necessário trabalhar para garantir a participação de pessoas negras e mulheres em todos os espaços das carreiras policiais. Apesar de existirem políticas de cotas e ações afirmativas, as chefias ainda não estão na mesma posição de representatividade.

A diretora de Ações Governamentais da Secretaria Executiva do Ministério da Igualdade Racial, Ana Míria Carinhanha, destacou a importância do letramento racial na formação dos agentes de segurança. Ela questionou como tem sido feito o letramento racial nas instituições, a composição dos quadros e a existência de um plano de carreira voltado para a inclusão de pessoas negras nas decisões de alto nível.

A reportagem entrou em contato com a Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro para obter um posicionamento sobre o recorte de gênero dos cargos de chefia e aguarda uma resposta. A discussão sobre o racismo na atividade policial é fundamental para promover mudanças e garantir uma atuação mais justa e igualitária das forças de segurança.

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