A própria Ilus, que é autista e recebeu o diagnóstico há dois anos, brinca com o controverso símbolo associado ao autismo ao dizer “quebra essa cabeça” em sua música e convida o público a repensar o senso comum. Ela questiona como é possível separar o autismo da pessoa em si e ressalta que, desde que nasceu, ela experimenta o mundo como uma pessoa autista, desconhecendo o que é ser considerada “típica”. No entanto, a artista ressalta que encontrou uma forma de direcionar suas dificuldades sociais para o campo artístico, transformando seus desejos e angústias em texto, música e desenho.
Com o álbum “Natureza Líquida”, do qual “Quebra-cabeças” faz parte, Ilus busca ampliar a visibilidade das pessoas autistas em espaços ainda não alcançados. A artista ressalta a importância de remover as barreiras de acesso e permanência para pessoas com deficiência. Ela relata sua própria experiência, afirmando que, apesar de ter se formado em física e geofísica espacial, não conseguiu exercer sua profissão devido à falta de adequações em um ambiente acadêmico com muitos estímulos e atividades em grupo, que exigiam habilidades que ela não possuía.
Ilus destaca a ironia de enfrentar mais barreiras na área em que possui mais habilidades, devido à falta de ambientes inclusivos. A cantora enfatiza que o que realmente a ajuda em sua profissão é contar com um ambiente verdadeiramente inclusivo e condições para desenvolver suas habilidades.
Com sua música e trajetória, Ilus busca sensibilizar o público sobre as experiências e desafios enfrentados pelas pessoas autistas, destacando a importância de criar espaços inclusivos e proporcionar oportunidades para que elas possam desenvolver seu potencial. É através do seu trabalho artístico que a cantora espera levar essas reflexões para um público mais amplo.