Prefeitura de São Paulo almeja construir apenas 305 km de ciclovias, quantidade inferior à meta original proposta pelo município.

Prefeitura de São Paulo deve entregar 305 quilômetros de ciclovias até o próximo ano

Após mais de um ano sem avançar na construção de ciclovias, a Prefeitura de São Paulo anunciou que pretende entregar um total de 305 quilômetros de novas vias para bicicletas até o fim de 2022. O objetivo é construir oito vezes mais do que foi feito desde o início da gestão atual, em metade do tempo. No entanto, essa meta ainda está abaixo do que foi estabelecido há apenas três anos no Plano Cicloviário da cidade.

O baixo nível de qualidade da infraestrutura cicloviária construída nos últimos anos tem sido motivo de reclamação por parte dos cicloativistas. Eles citam faixas desenhadas nas calçadas, ciclovias estreitas, com largura inferior a um metro, e falta de manutenção como fatores que aumentam o risco de acidentes e tornam disputa por espaço com pedestres um problema.

De acordo com a gestão Ricardo Nunes (MDB), já foram entregues 23 quilômetros dos 305 quilômetros previstos. Isso significa que ainda restam 277 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas, dos quais 53% já estão contratados e em construção.

Algumas dessas obras foram diretamente contratadas pela Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes (SMT). Além disso, 120 quilômetros serão construídos como contrapartida de uma Parceria Público-Privada (PPP) para habitação popular.

O restante dos projetos será contratado por meio de um edital que está em fase de finalização e deverá ser lançado até o final deste ano. A licitação tem como objetivo viabilizar a construção de mais 158 quilômetros de vias para bicicletas.

Além disso, a prefeitura planeja deixar pronto o planejamento de mais 318 quilômetros, que poderão ser construídos a partir de 2025. No entanto, consultas públicas e sugestões da população serão necessárias para decidir o formato dessas vias.

“O problema é a forma como estão fazendo: com desleixo e falta de manutenção. Nos projetos, há uma clara orientação para não atrapalhar o fluxo de carros. Nunca tiram espaço das vias destinado aos veículos”, afirma o cicloativista George Marques, representante eleito no Conselho Municipal de Trânsito e Transporte.

Já Dawton Gaia, coordenador da implementação do plano, argumenta que os casos em que as ciclovias são colocadas em calçadas são exceções, quando a via é muito perigosa. Ele ressalta que a prioridade é sempre implementá-las no pavimento ou nos canteiros centrais.

Se a meta estabelecida pela gestão Nunes for cumprida, a capital paulista terá aproximadamente mil quilômetros de ciclovias e ciclofaixas até o final de 2022. No entanto, o Plano Cicloviário da cidade é mais ambicioso, estabelecendo a meta de 1.350 quilômetros até o próximo ano, o que significa que será necessário construir mais do que o dobro da meta.

De acordo com Gaia, a atual defasagem ocorre porque gestões recentes entregaram menos do que o estipulado por lei, o que aumenta a lacuna entre o progresso e as metas. Ele afirma que a gestão atual entregou menos de 50 quilômetros em três anos, enquanto o Plano Diretor Estratégico (PDE) de 2014 previa a necessidade de implantar 100 quilômetros de ciclovias por ano para atingir a meta de 1.800 quilômetros em 2028.

A prefeitura reafirma o compromisso de alcançar a meta de 1.800 quilômetros nos próximos quatro anos e meio.

É importante ressaltar que a aceleração no planejamento e construção de ciclovias ocorre em um contexto em que a gestão Nunes reduziu as metas para o transporte público. No mês de abril, a prefeitura anunciou a desistência de construir quatro terminais de ônibus na cidade. Além disso, dois corredores BRT foram excluídos dos planos. O Tribunal de Contas do Município emitiu um alerta para que a prefeitura justificasse essas alterações.

Enquanto isso, o programa de recapeamento das vias da cidade recebeu R$ 1 bilhão, sendo que R$ 330 milhões foram investidos no mês passado.

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