A declaração final não estabelece o desafio do desmatamento zero como alvo em comum.

 

A declaração da Cúpula da Amazônia, assinada pelos oito países que abrigam a floresta em seu território, não trouxe a meta de desmatamento zero como compromisso para toda a região, como defendia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O documento apenas mencionou a urgência de pactuar metas comuns para 2030, tendo o desmatamento zero como um ideal.

Esta falta de compromisso claro com a meta de desmatamento zero tem causado críticas ao governo brasileiro, pois o presidente Lula havia se posicionado fortemente a favor dessa proposta. Além disso, o tema do desmatamento também está ligado à exploração petrolífera na região amazônica, que tem gerado controvérsia.

Em maio, veio à tona um plano da Petrobras de explorar petróleo na margem equatorial da foz do Rio Amazonas, o que dividiu o próprio governo brasileiro. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, criticou a proposta, enquanto o presidente Lula não a rejeitou completamente. Durante a cúpula, o presidente colombiano, Gustavo Petro, fez um discurso enfático contra o uso de combustíveis fósseis, o que voltou a expor essa disputa interna.

Outro assunto delicado debatido na cúpula foi a questão das barreiras comerciais propostas pelo presidente francês, Emmanuel Macron. Ele defendeu essas medidas como forma de combater a destruição ambiental, o que desagradou ao governo brasileiro. Vale lembrar que a União Europeia aprovou uma lei que proíbe a compra de produtos resultantes da destruição ambiental, e o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia ainda não foi implementado devido a exigências ambientais adicionais.

Apesar das divergências e contradições, a declaração da Cúpula da Amazônia também apresentou outros pontos importantes. Foi mencionada a criação de uma Aliança de Combate ao Desmatamento, porém sem detalhes sobre o funcionamento dessa união de esforços. Também está prevista a cooperação entre as polícias dos oito países através do Centro de Cooperação Policial Internacional em Manaus, assim como o estabelecimento de um Sistema Integrado de Controle de Tráfego Aéreo para combater crimes como o narcotráfico.

Além disso, o documento também propõe a criação de mecanismos financeiros para o desenvolvimento sustentável e destaca a Coalizão Verde, que reúne bancos de desenvolvimento da região. A declaração também prevê a criação de instâncias no âmbito da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, como o Mecanismo Amazônico de Povos Indígenas, o Painel Técnico-Científico Intergovernamental da Amazônia e os observatórios da situação dos defensores de direitos humanos e das mulheres rurais para a Amazônia.

Em resumo, a declaração da cúpula não alcançou a meta de desmatamento zero para toda a região amazônica e não eliminou os planos de exploração petrolífera na área. No entanto, propôs algumas medidas e alianças para combater o desmatamento e garantir o desenvolvimento sustentável na região. A cúpula também expôs as contradições internas do governo brasileiro e as divergências com outros países, como a França.

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