Viúva de Navalni promete continuar a luta contra Putin após a morte do ativista russo

A morte do líder opositor russo Alexei Navalni na última sexta-feira (16) gerou comoção e revolta em todo o mundo. Sua viúva, Iulia Navalnaia, de 47 anos, afirmou nesta segunda-feira (19) que continuará o trabalho do marido e pediu que seus seguidores intensifiquem a luta contra o governo de Vladimir Putin, a quem culpou pela morte do ativista.

Navalni morreu em uma remota prisão acima do Círculo Polar Ártico, onde cumpria mais de 30 anos de prisão. Até o momento, seu corpo não foi liberado e não há informações sobre sua necropsia, o que gera ainda mais mistério em torno do ocorrido.

“Vladimir Putin matou meu marido. Ao matar Alexei, Putin matou metade de mim, metade do meu coração, metade da minha alma. Mas eu ainda tenho a outra metade, e ela me diz que eu não tenho o direito de desistir. Eu vou continuar o trabalho de Alexei Navalni, continuarei a lutar pelo nosso país”, disse Iulia em um vídeo emocionado de nove minutos.

Ela também se reuniu com chanceleres da União Europeia em Bruxelas nesta segunda-feira. Iulia e seus dois filhos vivem na Alemanha, país onde Navalni foi tratado do envenenamento que ele acusou ter sido obra do serviço secreto russo, FSB. Ao retornar à Rússia no início de 2021, após acusar Putin de tentar matá-lo, Navalni foi preso e viu sua pena de 3,5 anos de prisão ser aumentada para 30,5 anos.

Aliados do ativista consideram que sua morte está relacionada às condições de seu encarceramento. Eles alegam que Navalni havia ganhado 15 dias a mais de confinamento solitário por se desentender com um guarda na antevéspera de sua morte.

O Fundo Anticorrupção de Navalni, considerado um grupo extremista na Rússia, continua operando virtualmente, com a maioria de seus integrantes no exílio. No entanto, sua capacidade de mobilização está reprimida, e atos em homenagem ao ativista têm sido alvo de repressão policial.

O Kremlin afirmou que qualquer insinuação de responsabilidade de Putin na morte de Navalni é inaceitável. O porta-voz Dmitri Peskov afirmou que a apuração da morte está em curso e que o Ocidente tem interesse em tumultuar a eleição presidencial russa, que acontecerá daqui a um mês.

Diante de tantas incertezas e acusações, o caso Navalni segue gerando turbulência e tensionamento entre o governo russo, a oposição e a comunidade internacional. A morte do ativista é vista como um golpe para a luta pela democracia na Rússia e intensifica ainda mais a pressão sobre o governo de Vladimir Putin.

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