O medo, a falta de informação e a vergonha muitas vezes levam as vítimas a não procurarem ajuda médica até a 22ª semana de gestação. E, quando finalmente buscam ajuda, enfrentam obstáculos como médicos que se recusam a realizar a interrupção da gravidez ou promotores de justiça que discordam da legislação vigente. Essa realidade cruel revela a vulnerabilidade dessas crianças e adolescentes, que muitas vezes sofrem caladas por receio das consequências.
O tema do aborto sempre foi delicado e polêmico na esfera política, especialmente em anos eleitorais, como exemplificado pelas eleições presidenciais de 2014. Candidatos e legisladores muitas vezes se esquivam de posicionar-se de forma clara em defesa dos direitos das mulheres, como mostrado pelo caso trágico de Jandira dos Santos. A falta de posicionamento e a resistência em abordar o assunto de maneira aberta e empática contribuem para a perpetuação do sofrimento e injustiças enfrentadas por essas vítimas.
É fundamental que a sociedade e os líderes políticos confrontem as questões-chave relacionadas ao tema, como a proteção das vítimas de estupro, a garantia de acesso a serviços de saúde e o respeito aos direitos reprodutivos das mulheres. Em vez de simplesmente polarizar o debate em torno do direito ao aborto, é necessário questionar a abordagem e o tratamento dispensado a essas questões em âmbito legal e social. A reflexão sobre o impacto humano e social de negar o direito à interrupção da gravidez em casos de estupro é essencial para avançarmos como sociedade rumo a uma maior compaixão e justiça.