Vice-presidente da CNA nega escravidão no RS e causa polêmica em reunião preparatória, ministro rebate declarações em áudio obtido por jornalista.

Na última segunda-feira (10), durante uma reunião de preparação, as declarações feitas por Gedeão Silveira Pereira, segundo vice-presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), geraram revolta entre os representantes da delegação dos trabalhadores e do governo. As afirmações de Pereira foram rebatidas pelo ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, evidenciando um embate de opiniões sobre a questão da escravidão no Brasil.

Gedeão Silveira Pereira causou polêmica ao reproduzir clichês negacionistas, argumentando que a escravidão é algo presente nos confins da Amazônia e não em regiões ricas como o Rio Grande do Sul. No entanto, dados oficiais apontam que, desde 1995, todas as unidades da federação, tanto ricas quanto pobres, têm registrado casos de escravidão no país.

De acordo com informações oficiais, o Rio Grande do Sul foi o quarto estado com o maior número de escravizados resgatados em 2023, ficando atrás apenas de Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Dentre os trabalhadores resgatados, há relatos de condições precárias de trabalho em fazendas de arroz, um produto amplamente produzido no estado.

Uma operação em Bento Gonçalves foi desencadeada após um grupo de trabalhadores fugir de um alojamento insalubre, onde sofriam agressões com choques elétricos e spray de pimenta. A fiscalização encontrou equipamentos como tasers e tubos de spray de pimenta no local, além de relatos de vigilância armada para garantir a obediência dos trabalhadores.

Segundo o auditor fiscal do trabalho, Rafael Zan, os trabalhadores eram submetidos a ameaças e violência, sendo forçados a trabalhar mesmo doentes. Os relatos indicaram que um cassetete era utilizado para manter o portão do alojamento aberto, sendo posteriormente empregado para agredir os trabalhadores, revelando um cenário de abusos e maus-tratos.

Em meio a essas revelações, a debate sobre a existência e a gravidade da escravidão no Brasil continua sendo tema de discussões acaloradas entre representantes do setor agrícola, do governo e dos movimentos trabalhistas. A necessidade de combater efetivamente esse crime e assegurar condições dignas de trabalho para todos os cidadãos tem sido cada vez mais urgente e debatida na esfera pública.

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