Vaticano reformula critérios para avaliar visões e eventos sobrenaturais, endurecendo posicionamentos e punindo abusos na Igreja Católica.

O Vaticano anunciou na última sexta-feira, 17, uma revisão no processo de avaliação de supostas visões da Virgem Maria, estátuas que choram e outros fenômenos aparentemente sobrenaturais que marcam a história da Igreja Católica. Essa reformulação visa endurecer posicionamentos e reconhecimentos no que diz respeito à veracidade ou falsidade desses eventos.

As normas vigentes, datadas de 1978, foram revisadas pela primeira vez, argumentando que não eram mais eficazes ou viáveis na era da internet. Com o avanço tecnológico, notícias sobre aparições de estátuas da Virgem Maria chorando se espalham rapidamente, o que pode prejudicar os fiéis caso haja impostores tentando lucrar com a fé das pessoas, segundo o Vaticano.

Essas novas normas deixam claro que o uso indevido da fé para controle das pessoas ou para cometer abusos pode ser punido canonicamente. O objetivo principal é evitar escândalos, manipulações e confusões, reconhecendo a responsabilidade da própria Igreja em confundir os fiéis ao longo dos séculos com avaliações e autenticações duvidosas de supostas visões.

Apesar das mudanças nos critérios, decisões passadas sobre eventos supostamente sobrenaturais, como ocorridos em Fátima, Guadalupe e Lourdes, continuam válidas. O cardeal argentino Víctor Manuel Fernández, chefe do escritório de doutrina do Vaticano, enfatizou que o que foi decidido no passado mantém seu valor.

A Igreja Católica possui uma extensa e controversa história de relatos de fiéis que afirmam ter tido visões da Virgem Maria, de estátuas que choram lágrimas de sangue e de cicatrizes que reproduzem as feridas de Cristo. Quando confirmados como autênticos pela autoridade eclesiástica, esses fenômenos misteriosos costumam impulsionar a fé, gerando novas vocações religiosas e conversões.

As novas normas reformulam o processo de avaliação da Igreja Católica, retirando a possibilidade de autoridades eclesiásticas declararem um evento como sobrenatural. Agora, existem seis resultados possíveis, sendo o mais favorável a emissão de um parecer doutrinal não comprometedor, permitindo que os católicos expressem devoção ao evento.

É importante destacar que nem todos os fiéis são obrigados a acreditar nessas manifestações particulares, conforme ressaltou o cardeal Víctor Manuel Fernández. A liberdade de escolha é respeitada pela Igreja, que dá aos fiéis a autonomia para decidir se devem prestar atenção ou não a esses eventos supostamente sobrenaturais.

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