Varejo alimentar brasileiro é 60% maior do que estimado pela Abras, afirma empresa de inteligência de mercado Scanntech

Uma empresa de inteligência de mercado chamada Scanntech surpreendeu ao estimar que o varejo alimentar brasileiro seja 60% maior do que o relatado pela principal associação do setor, a Abras (Associação Brasileira dos Supermercados). Segundo a Scanntech, o faturamento real do setor ultrapassa a marca de R$ 1,1 trilhão por ano.

Essa estimativa contrasta com os dados oficiais da Abras, que indicam que o setor faturou R$ 695,7 bilhões em 2022. Esse valor inclui todos os formatos de venda, como supermercados, hipermercados, atacarejos, e-commerce, entre outros.

A suspeita da Scanntech surgiu quando a empresa percebeu que, apenas em sua base de dados, o faturamento referente a 2022 ultrapassava os R$ 680 bilhões, correspondendo a 98% do mercado oficial reportado pela Abras. A Scanntech coleta dados de 40 mil pontos de venda, representando 42% do total, e conta com clientes como Carrefour e Pão de Açúcar.

Thomaz Machado, CEO da Scanntech, ressalta que há ainda muitas redes que não estão incluídas na leitura da empresa, o que indica que o mercado pode ser ainda maior. Ele argumenta que, se forem somados os faturamentos dos clientes da Scanntech com os dados oficiais reportados por outros grandes grupos fora dessa base de leitura, o varejo alimentar já seria 20% maior do que a estimativa oficial.

A Scanntech acredita que a subnotificação de pelo menos R$ 404 bilhões se dá pela dificuldade em coletar dados diretos dos pontos de venda, principalmente em áreas fora dos grandes centros de consumo do país. A empresa argumenta que o desenho da amostra utilizada pela Abras pode estar comprometendo a medição do tamanho real do varejo alimentar.

A Abras, por sua vez, considera o número da Scanntech como “superestimado” e afirma que confia na parceria de mais de 40 anos com a Nielsen, responsável pelo monitoramento oficial. A associação também ressalta que segue fornecendo dados confiáveis e auditáveis sobre a atividade do setor.

A Scanntech, no entanto, discorda e afirma que seu trabalho é baseado em uma coleta de dados granular, conectando cada varejo individualmente. A empresa utiliza tecnologia para alinhar os dados do mundo digital com as vendas físicas, possibilitando uma leitura mais precisa do varejo.

Com essa nova leitura de mercado, espera-se que as empresas possam reorganizar suas estratégias, ajustando a cobertura do atendimento e entendendo se o mix de produtos comercializados é o ideal para cada região.

No entanto, é importante ressaltar que a Abras questiona a metodologia utilizada pela Scanntech e destaca que o valor de R$ 1,1 trilhão citado pela empresa incluiria também estabelecimentos do varejo alimentar que não estão relacionados ao setor supermercadista.

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