Enquanto os peregrinos com permissão são transportados em ônibus refrigerados e descansam em tendas com ar-condicionado, aqueles sem permissão ficam expostos aos efeitos do calor escaldante. Nas últimas semanas, com temperaturas próximas a 50°C, relatos de desmaios e até mesmo de corpos nas ruas foram feitos por peregrinos não autorizados.
O ministro da Saúde da Arábia Saudita, Fahd bin Abdurrahman Al-Jalajel, divulgou que 83% das 1.301 mortes registradas envolviam peregrinos sem permissão. Ele destacou o desafio enfrentado este ano devido ao aumento das temperaturas durante o hajj, lamentando a situação dos que tiveram que caminhar longas distâncias sob o sol.
Essas fatais ocorrências evidenciaram um submundo de operadores turísticos e contrabandistas que se aproveitam da desesperação de muçulmanos para realizar a jornada do hajj. O número de peregrinos não registrados aumentou neste ano, em parte devido à crise econômica em países como Egito e Jordânia, onde pacotes oficiais para o hajj podem custar entre US$ 5.000 e US$ 10.000, gerando uma demanda por serviços ilegais e perigosos.
Países com um alto número de peregrinos falecidos, como Tunísia, Jordânia e Egito, já estão tomando medidas para investigar e punir os responsáveis. Operadores turísticos, peregrinos e familiares das vítimas apontaram falhas nos procedimentos de imigração e segurança sauditas, que permitiram a entrada de peregrinos não registrados nos locais sagrados.
Apesar das tragédias, o hajj continua sendo um ritual árduo e espiritual para os muçulmanos, que são incentivados a realizá-lo pelo menos uma vez na vida. A questão agora é como prevenir futuras fatalidades e garantir a segurança e integridade de todos os peregrinos que embarcam nessa jornada de fé.