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Terreiro da Casa Branca: 40 anos de resistência e tombamento como patrimônio histórico em Salvador

O Terreiro da Casa Branca, localizado em Salvador e considerado o mais antigo do Brasil, completou 40 anos como monumento negro tombado e patrimônio histórico no país. A liderança do centro religioso, Mãe Neuza Conceição Cruz, destaca que a trajetória até essa conquista foi marcada por desafios e preconceitos, ressaltando a importância do tombamento para as religiões de matriz africana.

Fundado em 1830, o terreiro remonta à liderança de três mulheres africanas e passou pelo processo de tombamento em 1984, quando ocupava sua localização atual. Esse reconhecimento, segundo o antropólogo Ordep Serra, representou um rompimento com uma visão colonial e eurocêntrica, que até então valorizava apenas monumentos ligados à elite branca.

Apesar da proteção como patrimônio cultural, o Terreiro da Casa Branca ainda enfrenta episódios de intolerância, com relatos de invasões e construções irregulares em seu território. Recentemente, a Justiça Federal determinou a demolição de parte de uma construção ilegal dentro dos domínios do terreiro, mas a ordem não foi cumprida, o que levou a prefeitura a buscar uma resolução judicial para o problema.

Mesmo diante dos obstáculos, a comunidade do terreiro comemora os 40 anos do tombamento como um marco histórico de resistência e enfrentamento, celebrando a importância do candomblé e de sua contribuição para a identidade cultural do Brasil. Um documentário lançado em homenagem à efeméride destaca a resistência dos terreiros de candomblé como precursores da arquitetura afro-brasileira e do ativismo ambiental, convidando as novas gerações a refletirem sobre a importância dessa manifestação cultural.

O tombamento do Terreiro da Casa Branca, segundo o presidente do Iphan, inaugurou um novo momento na preservação do patrimônio cultural no país, estimulando esforços para identificar e valorizar outras expressões culturais ligadas às comunidades afrodescendentes. O reconhecimento desse espaço sagrado destaca a relevância da preservação e valorização da diversidade cultural e religiosa do Brasil.

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