Terapia com cetamina: uma nova esperança para os que sofrem de depressão resistente

Após enfrentar uma sequência de 16 assaltos, Luciana da Mata, uma moradora de São Paulo, passou a viver com medo constante. Esse medo se estendia a diversas áreas da sua vida, incluindo o receio de falar, expressar suas opiniões e até mesmo sair de casa. Além disso, ela também carregava o trauma da perda do pai e de um tio para o câncer no ano passado.

No final do ano passado, seu psiquiatra sugeriu que ela tentasse a terapia com cetamina, após cinco anos de tratamento sem sucesso com remédios tradicionais para a depressão. A cetamina é um anestésico hospitalar que foi aprovado pela Anvisa como tratamento para a depressão resistente. No entanto, seu uso deve ser restrito a hospitais ou clínicas especializadas sob a supervisão de profissionais da saúde.

Segundo uma pesquisa do Datafolha, cerca de 10% da população brasileira já fez uso de psicodélicos, sendo que 2% já experimentaram a cetamina. O estudo entrevistou 2.016 pessoas em 139 municípios em todo o Brasil. No entanto, é importante ressaltar que a pesquisa não revela a fonte dos dados e, portanto, seu uso como referência deve ser feito com cautela.

Luciana, ao aceitar o tratamento com cetamina, passou por uma série de exames e teve acompanhamento de um cardiologista para garantir que estava apta para receber a medicação. A primeira sessão foi realizada em dezembro do ano passado e foi um momento extremamente difícil para ela, onde ela entrou em transe e relembrou traumas do passado.

Inicialmente, ela realizava duas sessões por semana, mas agora faz apenas uma por mês. Após nove meses de tratamento, as alucinações persistem, mas de forma mais suave e abstrata. Luciana afirma que houve uma melhora significativa na sua depressão e na sua autoestima, a ponto de não precisar mais de remédios antidepressivos.

Ela considera que seu progresso está relacionado não apenas à terapia com cetamina, mas também a outros tratamentos que ela realizou nos últimos meses, como terapia, cursos de autoconhecimento, constelação familiar e mudanças na alimentação e atividade física.

Daniel, que prefere não ser identificado, também passou por uma experiência semelhante. Ele buscou tratamento para uma depressão resistente durante cinco anos, mas nenhum medicamento convencional surtiu efeito. Foi então que seu médico sugeriu a terapia com cetamina. Daniel fez a aplicação intravenosa em uma clínica, ao custo de aproximadamente R$ 1.000 por sessão.

Ele afirma que o tratamento o libertou de uma tristeza profunda e proporcionou melhorias em diferentes aspectos da sua vida, como desempenho, concentração e relacionamentos. Apesar dos efeitos colaterais como tontura e náusea, ele considera que os benefícios do tratamento superam esses desconfortos. No entanto, ele lamenta a falta de divulgação sobre esse tipo de terapia, que poderia ajudar muitas outras pessoas.

Além disso, a pesquisa do Datafolha revelou que 22% da população brasileira já experimentou maconha pelo menos uma vez, enquanto 76% é a favor do uso da maconha para fins medicinais e 67% concorda com o plantio para esse fim. A pesquisa também mostrou que 2% da população já fez uso da maconha medicinal e 1% utiliza o medicamento.

Adriana Carla de Santos Silva, de 36 anos, faz parte dessa pequena parcela da população e utiliza dois tipos de flor de cânabis e um óleo de THC para tratar sua condição médica. Ela foi diagnosticada com síndrome de Ehler-Danlos e esclerose hipocampal, que causa crises epilépticas e sintomas psicóticos. Ela notou uma melhora significativa nas dores e redução das crises epilépticas após começar a usar a flor da cânabis.

No entanto, quando a Anvisa proibiu a importação da flor, Adriana decidiu comprar uma reserva que durasse pelo menos cinco meses. Ela considera preocupante a situação, uma vez que a flor proporciona um alívio para seus sintomas e também reduz seus gastos com medicamentos convencionais.

Apesar dos benefícios que a maconha medicinal proporciona, Adriana enfrentou alguma resistência por parte de sua família em relação ao tratamento. No entanto, seus amigos reagiram de forma mais receptiva. Ela destaca que é importante que haja uma maior divulgação e conscientização sobre o uso da maconha medicinal para que mais pessoas possam se beneficiar desse tratamento.

Em suma, tanto a terapia com cetamina quanto o uso da maconha medicinal têm proporcionado melhorias significativas na vida de pessoas que sofrem de doenças mentais e condições médicas graves. No entanto, é importante que esses tratamentos sejam utilizados com responsabilidade e sob a supervisão de profissionais da saúde.

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