Taxa de mortalidade materna mais que dobrou em 2021, aponta estudo inédito da Fiocruz publicado na Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil.

Segundo um estudo inédito da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), a taxa de mortalidade materna mais que dobrou em 2021 em relação à tendência pré-pandemia da Covid. Publicado na Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, o estudo analisou o crescimento do número de mortes de mulheres grávidas e puérperas em 2020 e 2021, comparando com dados de anos anteriores.

Os dados revelam um excesso de 3 mil mortes de grávidas e puérperas em 2021, mesmo considerando um aumento esperado devido à pandemia. Esse número representa um aumento de 39% na mortalidade geral durante o período analisado. Em comparação com a mortalidade de mulheres não grávidas em idade fértil, o excesso de mortalidade materna foi de 51,8% em um dos cenários estudados.

A Covid se mostrou responsável por 60% das mortes maternas em 2021, representando um aumento significativo em relação ao ano anterior, onde foi responsável por 19% dos óbitos. A pandemia limitou o acesso das mulheres aos cuidados pré-natais, parto e puerpério adequados, o que pode ter contribuído para o cenário preocupante encontrado.

A mortalidade materna é um indicador importante de desenvolvimento social e a comparação com a mortalidade geral revela que as grávidas e puérperas foram mais afetadas pela Covid do que a população em geral, conforme aponta o estudo. O autor do estudo, Raphael Guimarães, observou que a mortalidade materna tem relação direta com o acesso inadequado aos serviços de saúde, que durante a pandemia esteve sobrecarregado.

Estudos anteriores ainda apontam que gestantes com Covid apresentam maiores riscos para complicações associados à doença, como a necessidade de ventilação e pneumonia. Além disso, a mortalidade materna é mais elevada em regiões onde o acesso aos serviços de saúde durante a gravidez e o parto é inadequado, sendo ainda mais recorrente entre mulheres negras e em zonas rurais.

No Brasil, a taxa de mortalidade materna em 2022 teve queda e retornou ao patamar pré-crise, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Essa é uma questão crucial que ainda demanda atenção e medidas para garantir a saúde e o bem-estar das mulheres grávidas e puérperas em meio a pandemias e crises sanitárias.

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