Tanques da Fazenda Annalu operavam sem licenciamento ambiental por nove anos, aponta laudo do Ministério Público.

No interior do Mato Grosso do Sul, mesmo no cenário de rios imponentes e natureza exuberante, a atividade agropecuária não tem sido vista com bons olhos pelos moradores locais. O caso da Fazenda Annalu, objeto de identificação da reportagem, é exemplo de empresa da região que tem se envolvido em inúmeras polêmicas.

De acordo com informações divulgadas nos últimos anos, a prática de piscicultura inerente à fazenda tem saído de seu limite permitido. Segundo o Ministério Público, a atividade operava sem licenciamento ambiental, o que coloca em cheque as boas práticas de gestão propaladas pelos donos dos negócios.

A situação começou a chamar a atenção de autoridades em 2019, quando foi realizada uma vistoria técnica. Durante esse processo, a procuradoria descobriu que o licenciamento para a atividade de piscicultura estava vencido havia nove anos; situação essa que já era considerada crítica.

A trajetória da propriedade passou pelas mãos de diversos proprietários, desde sua aquisição em 2003 por Nilton Rocha Filho, avô dos atuais proprietários. Em 2016, os netos do antigo proprietário, Aurélio Rolim Rocha e Nilton Fernando Rocha Filho, readquiriam a propriedade por R$ 10 milhões. Um novo capítulo evidencia o não cumprimento das leis em vigor, pois tanto a atividade de piscicultura quanto a construção de drenos eram realizadas irregularmente, segundo relatórios do Ministério Público.

As atividades da Fazenda Annalu são centralizadas na criação de peixes, um empreendimento de grande porte atribuído ao grupo Valor Commodities. A atividade é apenas uma das múltiplas operações da família de Lelinho Rocha, que detém um vasto império agropecuário no Mato Grosso do Sul.

A atuação do grupo se estende por cidades como Caracol, Deodápolis e Douradina, e inclui os ramos de aviação e postos de abastecimento. A partilha da propriedade entre os membros da família levou um frigorífico da região a mover um processo contra eles, identificando 69 imóveis de propriedade da família.

Todos estes aspectos unidos comprovam a importância deste caso e a necessidade de controle das atividades na fazenda e da família Rocha em geral. A fiscalização das práticas ligadas à criação de piscicultura é um dos inúmeros desafios enfrentados pelo Ministério Público, em meio a um contexto de uso desenfreado da natureza e de destruição de áreas preservadas. O descaso com a preservação e manutenção do ecossistema leva a possíveis prejuízos ambientais irreversíveis, e mostra que muito ainda precisa ser feito para garantir um equilíbrio saudável entre atividade econômica e preservação do meio ambiente. Os próximos capítulos dessa história prometem novidades e quem está atento precisa ficar de olho.

Artigo escrito por Tonsk Fialho | Pesquisador e repórter do observatório De Olho nos Ruralistas
Carolina Bataier | Jornalista e escritora.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo