Repórter São Paulo – SP – Brasil

Surto de fungo ameaça saúde pública: criptococose causa preocupação no Canadá e pesquisas são realizadas na Amazônia brasileira para entender o fenômeno.

Recentemente, uma pesquisa realizada por um grupo de pesquisadores da Fiocruz descobriu a presença do fungo Cryptococcus gattii na poeira de casas localizadas em Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas. Esse fungo, responsável por causar uma micose sistêmica chamada criptococose, já havia sido identificado anteriormente na Columbia Britânica, no Canadá, onde causou um surto de infecções no final dos anos 90.

De acordo com a pesquisa, o fungo também foi encontrado em outros dois municípios da microrregião do Rio Negro, mas, surpreendentemente, não foram encontradas evidências de pessoas doentes, mesmo em contato com o patógeno. Essa descoberta levanta a questão do porquê o potencial de infecção do Cryptococcus gattii varia significativamente de um local para outro, mesmo sendo o mesmo fungo.

O micologista e farmacêutico Fábio Brito-Santos, responsável pela identificação do fungo na região amazônica, destacou a importância de investigar essa discrepância no potencial de infecção do fungo em diferentes regiões. Ele ressaltou a diversidade de abordagens necessárias para compreender melhor as interações entre o fungo e o ambiente, incluindo aspectos imunológicos, ecológicos e climáticos.

Brito-Santos também enfatizou a importância de se estudar fungos patogênicos, como o Cryptococcus gattii, que muitas vezes são negligenciados no contexto das doenças infecciosas. Sua pesquisa, que é objeto de um pós-doutorado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, visa investigar o potencial desses organismos de causar doenças e compreender melhor as interações entre fungos endêmicos e o impacto da ação humana sobre os ecossistemas.

Diante dos desafios enfrentados ao longo de sua trajetória acadêmica, Brito-Santos ressaltou a importância da persistência e do apoio de seus orixás para superar as dificuldades e contribuir para o avanço da ciência. Com a recente conquista de uma chamada de apoio a pesquisadores negros e indígenas, ele está determinado a continuar sua pesquisa e colaborar para ampliar o conhecimento sobre os fungos patogênicos e suas interações com o meio ambiente.

Sair da versão mobile