Suécia avalia doar caças Saab Gripen à Ucrânia em meio à demora de envio de caças ocidentais na guerra contra a Rússia.

Com a demora no envio por parte dos países do Ocidente do caça norte-americano F-16 à Ucrânia em guerra com a Rússia, a Suécia está considerando doar até 18 modelos Saab Gripen C/D de sua própria frota para Kiev, de acordo com informações divulgadas pela rádio pública sueca SR nesta terça-feira (12). A intenção foi confirmada por uma fonte em Estocolmo para a Folha.

A Suécia, que espera a aprovação dos Parlamentos turco e húngaro para aderir à Otan (aliança militar ocidental) após 200 anos de neutralidade devido à Guerra da Ucrânia, está avaliando o impacto que a perda dos aviões teria na sua capacidade defensiva.

Atualmente, o país possui 96 modelos Saab Gripen C/D, e já recebeu dois modelos de nova geração E, que estão em teste. O Brasil já opera 6 modelos E dos 36 Gripen comprados em 2014, sendo 8 deles bipostos F, desenvolvidos em parceria com a Embraer. A avaliação levará em consideração a perda dessas aeronaves e a capacidade da Saab de acelerar a entrega de novos caças para a Força Aérea.

A Suécia previa comprar 60 Gripen E/F, mas a nova realidade geopolítica pode fazer com que a encomenda aumente, o que é uma boa notícia para a Saab em um momento em que o caça norte-americano F-35 tem sido o preferido nas concorrências e negociações na Europa.

Uma das vantagens desse arranjo para Kiev é a unificação operacional das Forças Aéreas dos quatro países nórdicos (Suécia, Finlândia, Noruega e Dinamarca), que garantiria uma força de quase 250 caças na região do mar Báltico. Esse apoio sueco tornaria o mar Báltico uma região da Otan, após séculos de neutralidade devido ao poderio russo em sua margem direita.

A Suécia já havia oferecido seu centro de treinamento para que pilotos de caça ucranianos conhecessem o Gripen, mas não tinha mencionado a possibilidade de fornecer as aeronaves. O treinamento oferecido pela Suécia é considerado mais rápido e dinâmico do que o oferecido pelos modelos americanos como o F-16, que é o objeto de desejo de Kiev.

Até o momento, a Dinamarca e a Holanda se prontificaram a fornecer até 61 F-16 de seus inventários para os ucranianos, mas o cronograma para essa parceria está atrasado e os aviões dificilmente estarão operacionais antes de 2024.

A questão do fornecimento de caças é delicada devido ao tema da escalada e das necessidades ucranianas. De acordo com o site de monitoramento Oryx, a Ucrânia perdeu 71 aviões de combate desde o início da guerra, o que torna as doações de países como a Polônia e a Eslováquia, que tinham em seu inventário modelos soviéticos, essenciais para a Ucrânia.

No começo da guerra, os EUA vetaram o envio desses caças e de outras categorias de armas, como mísseis de longa distância, defesas antiaéreas e tanques de guerra pesados. O presidente Joe Biden agora pretende autorizar o envio de mísseis com alcance de até 300 km, mas há receios de que isso possa irritar ainda mais Moscou.

Após o anúncio da oferta dos F-16, outros países também estudaram a ideia de ajudar a Ucrânia, como a Austrália, que considerou o envio de até 41 caças F-18 aposentados, mas isso enfrentou dificuldades devido à complexidade do avião e ao treinamento necessário.

Na Otan, além da Suécia, a Hungria e a República Tcheca também operam o Gripen C/D, e um acordo de patrulhamento e defesa conjunta poderia disponibilizar essas aeronaves, caso houvesse vontade política. No entanto, os húngaros são resistentes a essa ideia devido à sua proximidade com Moscou.

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