As desavenças políticas entre os dois parlamentares são antigas, e a situação piorou quando Kajuru fez declarações públicas atacando Vanderlan e insinuando que ele teria negociado propinas em troca de favorecer a Lei Geral de Telecomunicações em 2019. Em um vídeo publicado nas redes sociais, Kajuru chamou Vanderlan de “vigarista” e acusou-o de ganhar fortunas com negócios escusos.
O advogado de defesa de Kajuru, Rogério Paz Lima, afirmou que seu cliente já pediu desculpas publicamente pelas declarações feitas. Ele ainda disse que não se opõe a uma nova retratação, pois o senador “não tem compromisso com o erro”. Além disso, a defesa planeja manejar recursos contra a decisão do STF e pedir esclarecimentos sobre a competência do tribunal para julgar o caso.
A queixa-crime foi apresentada por Vanderlan em setembro de 2019, e sua defesa alega que as acusações são falsas e tinham o objetivo de descredibilizar o trabalho do senador. O processo foi levado ao STF, e os ministros decidiram, por maioria, colocar Kajuru no banco dos réus.
Durante a votação, o relator do processo, Gilmar Mendes, argumentou que as declarações feitas por Kajuru não estão protegidas pela imunidade parlamentar, pois se tratam de “ofensa aviltante a terceiros”. Além disso, vale ressaltar que Kajuru já acusou o próprio Gilmar Mendes de receber propinas em troca de decisões judiciais, levando a Procuradoria-Geral da República a investigar sua conduta.
A decisão do STF aconteceu em um momento de tensões entre o Legislativo e o Judiciário, com o Congresso analisando propostas de limitar decisões monocráticas no STF e os ministros do Supremo reagindo a essas tentativas de reforma. Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes foram contra as supostas tentativas de intimidação por parte do Legislativo, afirmando que o tribunal “não admite intimidações” e que não é composto por “covardes”. Por outro lado, Kajuru, apesar de fazer parte da base do governo Lula, votou contra a proposta que limitava decisões monocráticas, enquanto o líder no Senado, Jaques Wagner, apoiava a medida. O senador agora terá que enfrentar as consequências de suas declarações e a ação penal movida contra ele pelo STF.