Starlink, empresa de Elon Musk, se torna líder em internet satélite na Amazônia, mas enfrenta críticas e atividades ilegais.

No início de setembro, a BBC News Brasil revelou que a Amazônia se tornou o principal mercado no Brasil para a empresa de internet via satélite Starlink, do bilionário Elon Musk. Desde o lançamento da empresa na região em setembro de 2022, a Starlink se tornou líder isolada entre os provedores de banda larga fixa por satélite na Amazônia legal, com antenas instaladas em 90% dos municípios da região até julho deste ano.

A maior parte dos clientes da Starlink na Amazônia está em regiões de difícil acesso, onde não há infraestrutura tradicional de internet de banda larga. A empresa prometeu fornecer internet para 19 mil escolas desconectadas em áreas rurais e para o monitoramento ambiental da Amazônia, mas essa promessa ainda não foi cumprida, de acordo com o Ministério da Educação e secretarias estaduais.

Apesar dos benefícios trazidos pela Starlink, como a possibilidade de uso de cartões de crédito e débito e Pix em cidades sem internet de alta velocidade, a expansão da tecnologia de Elon Musk também tem impulsionado atividades ilegais, como garimpos ilegais na região. Imagens obtidas pela BBC mostram antenas da empresa junto a armas, munição e ouro recolhidos em operações da Polícia Federal e do Ibama.

A presença dominante da Starlink em regiões isoladas levanta questões sobre segurança e soberania nacional. Especialistas brasileiros e estrangeiros entrevistados pela BBC News Brasil afirmam que essa dependência da tecnologia de Musk pode colocar decisões importantes sobre países e governos nas mãos de um empresário estrangeiro. O debate sobre soberania nacional se tornou especialmente significativo depois da controvérsia em relação à dependência ucraniana das antenas da Starlink na guerra contra o Exército russo.

A Starlink também tem sido alvo de debates sobre segurança de dados. Elon Musk admitiu não ter permitido que o governo da Ucrânia tivesse acesso à rede Starlink para evitar um “grande ato de guerra”. Especialistas alertam que permitir que empresas ou indivíduos decidam unilateralmente questões de comunicação pode ter sérias implicações para a segurança nacional.

As antenas da Starlink também têm sido encontradas em garimpos ilegais na Amazônia. O acesso à internet de alta velocidade facilitou o trabalho de garimpeiros e traficantes da região, que agora utilizam aplicativos como WhatsApp para se comunicarem sobre suas atividades. Porém, o uso dessas antenas em garimpos ilegais não surpreende, já que o serviço é extremamente caro e inacessível para a maioria das pessoas que vivem em áreas isoladas da Amazônia.

Apesar das controvérsias e dos problemas, a tecnologia Starlink também trouxe transformações positivas para comunidades isoladas da região. Indígenas yanomamis instalaram uma antena Starlink que permitiu a comunicação em alta velocidade entre profissionais de saúde e familiares de doentes em comunidades remotas.

Em cidades como Roraima e Acre, os moradores agora têm acesso a serviços bancários como cartões de débito e crédito, graças à conexão estável e veloz da Starlink.

No entanto, a controvérsia em relação às escolas na Amazônia permanece. Elon Musk prometeu levar a Starlink para 19 mil escolas desconectadas na região, mas essa promessa ainda não foi cumprida. O debate sobre o acesso à internet em áreas rurais e remotas e seu impacto na educação continua sendo um assunto em aberto.

No geral, a presença da Starlink na Amazônia trouxe avanços significativos, mas também levantou questões sobre segurança, soberania nacional e acesso equitativo à tecnologia. Enquanto algumas comunidades se beneficiam da conexão estável, outras enfrentam a presença de atividades ilegais impulsionadas pela tecnologia. O debate em torno da influência de empresas estrangeiras na região e a dependência excessiva de uma única fonte de internet também merecem ser discutidos.

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