Soc scientist who witnessed Chile’s coup asserts: Allende’s triumph led to his downfall.

No dia 11 de setembro de 1973, o Chile sofria um dos momentos mais sombrios de sua história, o golpe de Estado que resultou na queda e morte do presidente Salvador Allende. Cinquenta anos depois, o jornalista Marcos Roitman Rosenmann relembra aqueles dias em uma entrevista exclusiva para La Jornada.

Rosenmann conta que no dia 10 de setembro ele estava na Universidade Técnica do Estado, atualmente conhecida como Universidade de Santiago de Chile. No dia seguinte, o presidente Allende estava programado para inaugurar uma exposição de pintura antifascista junto com o reitor Enrique Kirberg e o famoso cantor Víctor Jara. Mas a realidade seria bem diferente.

No dia 11 de setembro, por volta das oito e meia da manhã, a notícia do golpe de Estado chegou até Rosenmann e seus colegas. A universidade foi fechada e eles ficaram dentro defendendo o governo, pensando que se tratava apenas de mais um levante. No entanto, a desilusão rapidamente se transformou em horror com o bombardeio contra o Palácio La Moneda, a sede do governo chileno. Rosenmann descreve esse momento como uma ruptura pessoal, quando ele entendeu pela primeira vez na vida o que era o fascismo.

A incerteza continuou a assolar o jornalista e seus colegas enquanto estavam isolados na universidade, enfrentando ataques das forças armadas. Mas a notícia da morte de Allende trouxe uma grande incredulidade. Durante a noite, eles sofreram ataques constantes e, no dia seguinte, foram ameaçados de entrega das instalações sob a mira de tanques. Rosenmann e seus companheiros foram detidos, interrogados e muitos deles nunca mais foram vistos.

Diante dessa brutal repressão e do fechamento das universidades, Rosenmann sentiu que o Chile já não era mais o país que sonhava. Sentia-se ameaçado de morte e decidiu deixar o país rumo à Espanha. Lá, decidiu mudar de carreira, abandonando a física e a engenharia para se tornar sociólogo. Essa mudança radical marcou o novo rumo de sua vida.

O jornalista explica que decidiu escrever um livro para combater a ideia de que o governo de Allende fracassou. Ele acredita que essa narrativa falsa se instalou no imaginário coletivo do país e é necessário desmantelá-la, especialmente para os jovens. Para Rosenmann, o governo de Allende foi capaz de realizar importantes reformas, como a reforma agrária, a nacionalização das riquezas básicas e a melhoria da educação e da saúde. No entanto, ele acredita que uma parte minoritária da esquerda chilena adotou essa ideia de fracasso, o que o levou a escrever o livro e denunciar essa mentira.

Rosenmann afirma que é preciso relembrar que o golpe de Estado não ocorreu quando Allende estava fracassando, mas sim quando ele estava conquistando o apoio do povo chileno. Ele destaca que o governo de Allende obteve 44% dos votos nas eleições de deputados em 1973, um nível de consenso sem precedentes na história do país. No entanto, a direita e a democracia cristã decidiram romper o diálogo e acabaram por dar o golpe de Estado.

O jornalista destaca que o Chile de hoje é reconhecido internacionalmente como um país progressista e próspero, mas isso só é possível negando a violação dos direitos humanos, a tortura, a pobreza e a desigualdade que ocorreram durante a ditadura de Pinochet. Portanto, é necessário rejeitar a ideia de fracasso do governo de Allende e reivindicar a verdadeira história do Chile.

Em suma, Rosenmann acredita que é importante desafiar as narrativas distorcidas e reconstruir a memória coletiva do Chile, especialmente entre os mais jovens. Ele espera que seu livro seja capaz de trazer luz à verdade e relembrar a importância do governo de Allende e suas conquistas.

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